A língua portuguesa no Brasil

Eduardo Guimarães

A língua portuguesa formou-se como língua específica, na Europa, pela diferenciação que o latim sofreu na Península Ibérica durante o processo de contatos entre povos e línguas que se deram a partir da chegada dos romanos no século II a.C., por ocasião da segunda Guerra Púnica, no ano de 218 a.C(1). Na Península Ibérica o latim entrou em contato com línguas já ali existentes. Depois houve o contato do latim já transformado com as línguas germânicas, no período de presença desses povos na península (de 409 a 711 d.C). Em seguida, com a invasão mulçumana (árabes e berberes), esse latim modificado e já em processo de divisão entra em contato com o árabe. Na primeira fase do processo de reconquista da Península Ibérica pelos cristãos, que tinham resistido no norte, os romances (latim modificado por anos de contato com outros povos e línguas) tomaram uma feição específica no oeste da península, formando o galego-português e em seguida o português. Formou-se paralelamente o Condado Portugalense e, a partir dele, um novo país, Portugal. Toma-se como data de independência do condado do reino de Castela e Leão a batalha de São Mamede em 1128.

Essa nova língua, depois de um longo período de mudanças correspondente a todo o final da chamada Idade Média, é transportada para o Brasil, assim como para outros continentes, no momento das grandes navegações do final do século XV e do século XVI.

PORTUGUÊS: LÍNGUA OFICIAL E NACIONAL DO BRASIL

Com o início efetivo da colonização portuguesa em 1532, a língua portuguesa começa a ser transportada para o Brasil. Aqui ela entra em relação, num novo espaço-tempo, com povos que falavam outras línguas, as línguas indígenas, e acaba por tornar-se, nessa nova geografia, a língua oficial e nacional do Brasil. Podemos estabelecer para esta história quatro períodos distintos, se consideramos como elemento definidor o modo de relação da língua portuguesa com as demais línguas praticadas no Brasil deste 1532.

O primeiro momento começa com o início da colonização e vai até a saída dos holandeses do Brasil, em 1654. Nesse período o português convive, no território que é hoje o Brasil, com as línguas indígenas, com as línguas geraise com o holandês, esta última a língua de um país europeu e também colonizador. As línguas gerais eram línguas tupi faladas pela maioria da população. Eram as línguas do contato entre índios de diferentes tribos, entre índios e portugueses e seus descendentes, assim como entre portugueses e seus descendentes. A língua geral era assim uma língua franca. O português, como língua oficial do Estado português, era a língua empregada em documentos oficiais e praticada por aqueles que estavam ligados à administração da colônia

O segundo período começa com a saída dos holandeses do Brasil e vai até a chegada da família real portuguesa no Rio de Janeiro, em 1808. A saída dos holandeses muda o quadro de relações entre línguas no Brasil na medida em que o português não tem mais a concorrência de uma outra língua de Estado (o holandês). A relação passa a ser, fundamentalmente, entre o português, as línguas indígenas, especialmente as línguas gerais, e as línguas africanas dos escravos. Esse período caracteriza-se por ser aquele em que Portugal, dando andamento mais específico ao processo de colonização, toma também medidas diretas e indiretas que levam ao declínio das línguas gerais. A população do Brasil, que era predominantemente de índios, passa a receber um número crescente de portugueses assim como de negros que vinham para o Brasil como escravos. Para se ter uma idéia, no século XVI foram trazidos para o Brasil 100 mil negros. Este número salta para 600 mil no século XVII e 1,3 milhão no século XVIII. O espaço de línguas do Brasil passa a incluir também a relação das línguas africanas dos escravos e o português. Com o maior número de portugueses cresce também o número de falantes específicos do português. E isto tem uma outra característica: os portugueses que vêm para o Brasil não vêm da mesma região de Portugal. Desse modo, passam a conviver no Brasil, num mesmo espaço e tempo, divisões do português que, em Portugal, conviviam como dialetos de regiões diferentes.

Nesse período, ainda, há dois fatos de extrema importância. O primeiro deles é a ação direta do império português que age para impedir o uso da língua geral nas escolas. Esta ação é uma atitude direta de política de línguas de Portugal para tornar o português a língua mais falada do Brasil. Uma dessas ações mais conhecidas é o estabelecimento do Diretório dos Índios (1757), por iniciativa do Marquês de Pombal, ministro de Dom José I, que proibiao uso da língua geral na colônia. Assim, os índios não poderiam mais usar nenhuma outra língua que não a portuguesa. Essa ação, junto com o aumento da população portuguesa no Brasil, terá um efeito específico que ajuda a levar ao declínio definitivo da língua geral no país.

O português que já era a língua oficial do Estado passa a ser a língua mais falada no Brasil.

O terceiro momento do português no Brasil começa com a vinda da família real em 1808, como conseqüência da guerra com a França, e termina com a independência. Poderíamos utilizar, como data final desse período, 1826, pois é nesse ano que se formula a questão da língua nacional do Brasil no parlamento brasileiro. A vinda da família real terá dois efeitos importantes. O primeiro deles é um aumento, em curto espaço de tempo, da população portuguesa no Brasil. Chegaram ao Rio de Janeiro em torno de 15 mil portugueses. O segundo é a transformação do Rio de Janeiro em capital do Império que traz novos aspectos para as relações sociais em território brasileiro, e isto inclui também a questão da língua. Logo de início Dom João VI criou a imprensa no Brasil e fundou a Biblioteca Nacional, mudando o quadro da vida cultural brasileira, e dando à língua portuguesa aqui um instrumento direto de circulação, a imprensa. Esses fatos produzem um certo efeito de unidade do português para o Brasil, enquanto língua do rei e da corte

O quarto período começa em 1826. Nesse ano o deputado José Clemente propôs que os diplomas dos médicos no Brasil fossem redigidos em “linguagem brasileira”. Em 1827 houve um grande número de discussões sobre o fato de que os professores deveriam ensinar a ler e a escrever utilizando a gramática da língua nacional. Ou seja, a questão da língua portuguesa no Brasil, que já era língua oficial do Estado, se põe agora como uma forma de transformá-la de língua do colonizador em língua da nação brasileira. Temos aí constituída a sobreposição da língua oficial e da língua nacional.

Essas questões tomam espaços importantes tanto na literatura quanto na constituição de um conhecimento brasileiro sobre o português no Brasil. É dessa época a literatura de José de Alencar que tem debates importantes com escritores portugueses que não aceitavam o modo como ele escrevia. É também dessa época o processo pelo qual os brasileiros tiveram legitimadas suas gramáticas para o ensino de português e seus dicionários. Dessa maneira cria-se historicamente no Brasil o sentido de apropriação do português enquanto uma língua que tem as marcas de sua relação com as condições brasileiras.

Pela história de suas relações com outro espaço de línguas, o português, ao funcionar em novas condições e nelas se relacionar com línguas indígenas, língua geral, línguas africanas, se modificou de modo específico e os gramáticos e lexicógrafos brasileiros do final do século XIX, junto com nossos escritores, trabalham o “sentimento” do português como língua nacional do Brasil.

Esse quarto período, no qual o português já se definira como língua oficial e nacional do Brasil, trará uma outra novidade, o início das relações entre o português e as línguas de imigrantes. Começa em 1818/1820 o processo de imigração para o Brasil, com a vinda de alemães para Ilhéus (1818) e Nova Friburgo (1820). Esse processo de imigração terá um momento muito particular na passagem do século XIX para o XX (1880-1930). A partir desse momento entraram no Brasil, por exemplo, falantes de alemão, italiano, japonês, coreano, holandês, inglês. Deste modo o espaço de enunciação do Brasil passa a ter, em torno da língua oficial e nacional, duas relações significativamente distintas: de um lado as línguas indígenas (e num certo sentido as línguas africanas dos descendentes de escravos) e de outro as línguas de imigração.

Essa diferença não é simplesmente uma diferença empírica do tipo: as línguas indígenas e seus falantes já existiam no Brasil quando da chegada dos portugueses e as línguas de imigração vieram depois. A diferença é de modo de relação. As línguas indígenas e africanas entram na relação como línguas de povos considerados primitivos a serem ou civilizados (no caso dos índios) ou escravizados (no caso dos negros). Ou seja, não há lugar para essas línguas e seus falantes. No caso da imigração, as línguas e seus falantes entram no Brasil por uma ação de governo que procurava cooperação para desenvolver o país. E as línguas que vêm com os imigrantes eram, de algum modo, línguas nacionais ou oficiais nos países de origem dos imigrantes.

Essas línguas são línguas legitimadas no conjunto global das relações de línguas, diferentemente das línguas indígenas e africanas. As línguas dos imigrantes eram línguas de povos considerados civilizados, em oposição às línguas indígenas e africanas. Enquanto língua oficial e língua nacional do Brasil, o português é uma língua de uso em todo o território brasileiro, sendo também a língua dos atos oficiais, da lei, a língua da escola e que convive, na extensão do território brasileiro, com um grande conjunto de outras línguas (de um lado as línguas indígenas e de outro as línguas de imigrantes). Por outro lado, enquanto língua nacional, o português é significado como a língua materna de todos os brasileiros, mesmo que um bom número de brasileiros tenham como língua materna outras línguas, ou indígenas ou de imigrantes.

CARACTERÍSTICAS DO PORTUGUÊS DO BRASIL

A vinda da língua portuguesa para o Brasil não se deu, como vimos, em um só momento. Ela se deu durante todo o período de colonização entrando em relação constante com outras línguas. Por outro lado, o povoamento do Brasil se fez com a vinda de portugueses de todas regiões de Portugal. Desse modo, sua vinda para o Brasil traz para esse novo espaço as diversas variedades do português de Portugal. Estas variedades se instalarão em lugares diferentes do Brasil mas, em muitos casos, elas convivem num mesmo espaço, como no Rio de Janeiro, por exemplo.

O português do Brasil vai, com o tempo, apresentar um conjunto de características não encontráveis, em geral, no português de Portugal, da mesma maneira que o português, em diversas outras regiões do mundo, terá características também específicas, em virtude das condições novas em que a língua passou a funcionar. Há que se considerar que, se levamos em conta a língua escrita, vamos encontrar uma maior proximidade entre o português do Brasil, assim como o de outras regiões do mundo, com o português de Portugal, já que a língua escrita está mais sujeita à normatização da língua efetivada através das gramáticas normativas, dicionários e outros instrumentos reguladores da língua. Na língua oral o processo de incorporação de características específicas se faz de modo mais rápido.

Meu objetivo não é, neste texto, discutir essas diferenças internas, mas mostrar como o português do Brasil apresenta um conjunto importante de características específicas. A seguir, vou apresentar um conjunto destas características encontráveis no português do Brasil. Vou me limitar a apresentar aqui o que chamarei de diferenças gramaticais e lexicais (de vocabulário). Evidentemente que a caracterização do português do Brasil envolve a consideração efetiva das diversas divisões a que a língua portuguesa está sujeita no Brasil, tanto regionais quanto sociais e históricas (tal como mostram o artigo Variedades do português no mundo e no Brasil” de Emílio Pagotto, para a questão das diferenças na língua, e o artigo “Língua brasileira” de Eni Orlandi,
sobre os aspectos discursivos envolvidos nessa questão).

Nas características gramaticais podemos distinguir dois conjuntos de características: o das características fonético-fonológicas, o das características morfológicas e sintática.

CARACTERÍSTICAS FONÉTICO-FONOLÓGICAS

Neste nível, a grande especificidade do português do Brasil, se comparado ao de Portugal, considerando o que Pagotto nos mostra no seu texto, é seu sistema de vogais. Para observar esse aspecto é necessário distinguir, tal como nos mostrou Câmara (1953, 1970) a vogal na posição tônica (da sílaba com acento de intensidade), a vogal na posição átona final (como o /a/ de fuga), e a vogal na posição pretônica (como o /a/ de até).

a) Na posição tônica, o português do Brasil apresenta 7 vogais: /a/ (-entrada); /é/ (deve), /ê/ (medo), /i/ (viga); /ó/ (avó), /ô/ (avô), /u/ (urubu). Note-se que a vogal /a/ é pronunciada, com timbre aberto, com a língua em repouso embaixo, na boca; que as vogais /é/, /ê/, /i/ são anteriores, elas são pronunciadas com um movimento da língua para frente; e as vogais /ó/, /ô/, /u/ são posteriores, pronunciadas com um movimento da língua para trás. Em Portugal, além dessas vogais, há também um /ä/, que não é aberto como o /a/. Este /ä/ é pronunciado com uma certa elevação da língua, diferentemente do /a/ aberto pronunciado com língua em repouso, embaixo na boca. Assim é que, na língua falada, se distingue /falämos/, presente do indicativo, de /falamos/ passado perfeito.

b) Na posição átona final, no português do Brasil, de modo geral, há três vogais /a/ (casa), /i/ (barbante, pronunciado [barbãti]), /u/ (-menino, pronunciado [meninu] e mesmo [mininu]). Em Portugal são também três vogais, /ä/, /ë/ e /u/. Assim diferentemente do Brasil, /ä/ é pronunciado com a língua mais alta, com timbre mais fechado, /ë/ é pronunciado fechado, mas numa posição mais posterior do que o /ê/ do Brasil. O /u/ tem as mesmas características fonéticas do /u/ brasileiro.

c) Na posição pretônica, há no português do Brasil, em geral, 5 vogais, /a/, /ê/, /i/, /ô/, /u/, enquanto que em Portugal mantêm-se as 8 vogais da posição tônica, com a diferença de que o /ê/ passa a /ë/, numa pronúncia mais central: /a/, /ä/; /é/, /ë/, /i/; /ó/, /ô/, e /u/.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS E SINTÁTICAS

No nível sintático, uma primeira característica geral do português do Brasil é que ele, no que toca ao funcionamento dos pronomes átonos (me, te, se, lhe, o, a, etc) tem uma colocação mais proclítica, não sendo encontrável em Portugal, por exemplo, João se levantou, tão comum no Brasil. Isto faz com que toda a colocação de pronomes átonos no Brasil seja bastante diferente da de Portugal. Este tipo de diferença tem muito a ver com o fato de que as diferenças fonético-fonológicas, apontadas antes, levam a um outro ritmo da frase, assim como uma diferença de tonicidade nesses pronomes. Isto resulta em um outro modo de colocá-los na frase, tal como já nos mostrou Ali (1908).

No Brasil é também comum construções como está escrevendo, com estar + gerúndio, não comum em Portugal, onde se encontram expressões como está a escrever, com estar a + infinitivo. É também comum no Brasil expressões com a preposição em, que em Portugal são com a preposição a. Tem-se, comumente no Brasil, está na janela, chegou no Brasil, quando em Portugal se tem está à janela, chegou ao Brasil.

Segundo Galves (2002), a principal característica sintática do português do Brasil, é que ele é uma língua de tópico, diferentemente do português de Portugal e das demais línguas latinas. Esta posição se desenvolve a partir de uma formulação de Pontes (1987) que mostrou como muitas construções do português no Brasil precisam ser entendidas como construções com tópico. Para apresentar a formulação de Galves usaremos as abreviações SN e V que significam sintagma nominal e verbo. Um sintagma é um elemento lingüístico de nível inferior ao da frase e que possui na sua forma elementos lingüísticos de nível sintático ainda mais baixo, em geral ele combina pelo menos dois elementos. No caso do SN (sintagma nominal), o sintagma é constituído pelo menos por um nome e tem geralmente pelo menos um determinante para este nome, como em o menino, onde menino é o nome e o é o determinante e o menino é o SN. A noção de verbo, para o que aqui nos interessa, é a que usualmente conhecemos.

Dito isto, para Galves, a frase do português do Brasil tem como estrutura SN [SN V (SN), diferentemente do português de Portugal e as línguas latinas em geral, que têm como estrutura da frase SN [V (SN). O colchete separa o que se apresenta como o que se diz do primeiro SN. Para entender essa diferença, consideremos duas frases: João fez o trabalhoe João, ele fez o trabalho. Na primeira, com a palavra João refere-se a alguém (João) e predica-se dele algo, fez o trabalho. Neste caso, João que faz a referência a uma pessoa é também o sujeito da frase. Na segunda frase, João refere alguém, depois tem-se como sujeito o pronome ele, que retoma João (anaforiza João) do qual se predica fez o trabalho. Deste modo a seqüência sujeito+predicado (ele fez o trabalho) aparece no conjunto como dizendo algo de João, referido pela palavra João. Nesta segunda frase, João é o tópico, aquilo sobre o que se vai dizer algo. Diferentemente, na primeira frase, aquilo sobre o que se vai dizer algo é diretamente o sujeito da frase. A tese de Galves é que a estrutura sintática do português é do tipo da segunda frase que aqui usamos como exemplo: João, ele fez o trabalho.

Segundo a autora é esta característica que explica um conjunto importante de aspectos próprios do português brasileiro, tal como os que seguem.

a)uso do pronome ele como objeto

Em Portugal esta é uma construção inexistente. É comum no Brasil frases como Encontrei ele ontem; esse rapaz, eu conheci ele no trem; esse rapaz aí que eu encontrei ele no trem. Nestas frases ele é complemento da frase, diferentemente de Portugal onde esta construção, normalmente, não aparece.

b)ele como sujeito

O funcionamento do ele como sujeito é diferente em Portugal e no Brasil. No Brasil temos, por exemplo, eu tinha uma empregada que ela respondia ao telefone e dizia…, enquanto em Portugal o que se encontra é somente algo como eu tinha uma empregada que respondia ao telefone e dizia… Para Galves esta diferença diz respeito a que no português do Brasil o ele aparece preferencialmente ao sujeito nulo (que na escola conhecemos como sujeito oculto), diferentemente do português de Portugal, onde aparece preferencialmente o sujeito nulo e em que o ele aparece quando é necessário marcar a concordância, já que a terminação verbal é a mesma entre a primeira e a terceira pessoa, ou para estabelecer um contraste.

c)ele como objeto de preposição

No Brasil é comum frases como o André, que eu gosto dele, é mais bonito, enquanto em Portugal só se encontram frases como o André de quem eu gosto. Este aspecto está diretamente relacionado com o funcionamento das relativas no português brasileiro. Tal funcionamento no Brasil se caracteriza por ter uma predominância de relativas com este pronome que retoma um nome da principal (chamado pronome lembrete, o ele (dele) do primeiro exemplo acima), e é predominante quando a retomada está em sintagma preposicional, conforme mostrou Tarallo (1996). Este funcionamento predominante no Brasil é oposto ao predominante em Portugal, onde o mais comum é o de construções como O André, de quem eu gosto, é mais bonito.

Este aspecto está ligado ao crescimento no português do Brasil de um outro funcionamento da relativa que se chama de relativa cortadora, como em É uma pessoa que essas besteiras que a gente fica se preocupando, ela não fica esquentando a cabeça. Em Portugal a construção encontrável seria É uma pessoa que não fica esquentando a cabeça com estas besteiras que nos preocupam. No português do Brasil hoje há a predominância das construções relativas com pronome lembrete e relativas cortadoras. As análises de Tarallo (idem) mostram que essa diferença entre o funcionamento do português do Brasil e de Portugal já está instalada claramente em 1880 e se aprofunda a partir de então. Assim hoje é predominante o que no início do século XIX (1825, por exemplo) era o menos comum.

Ao lado desses aspectos, Galves também considera uma outra característica muito interessante do português do Brasil: O funcionamento do pronome se. para a autora, no português brasileiro o se pode não aparecer em frases com tempo (o verbo nas formas finitas), diferentemente do português europeu. No Brasil há frases como Nos nossos dias, não usa mais saia; Esta camisa lava facilmente; Joana não matriculou ainda; Maria fez a lista dos convidados mas esqueceu de incluir ela; É impossível se achar lugar aqui, enquanto em Portugal só há frases como Não se usa mais saia; Esta camisa lava-se facilmente; Joana não se matriculou ainda; Maria fez a lista dos convidados mas esqueceu de se incluir. Interessante para a lingüista é que, em contrapartida, em frases com infinitivo, no Brasil, aparece consistentemente a forma se para indeterminar, em oposição a Portugal onde este se não aparece da mesma maneira. Tem-se no Brasil É impossível se achar lugar aqui, enquanto em Portugal haveria somente É impossível achar lugar aqui.

O que é interessante nessa análise de Galves é que ela não só registra a existência de construções diferentes, que poderiam ser atribuídas a uma mera diferença de uso de uma ou outra pessoa, em uma ou outra situação, como mostra que essa diferença nas frases diz respeito a uma especificidade na estrutura mesma da sintaxe do português do Brasil, ter a estrutura SN [SN V (SN). Ser, portanto, uma língua de tópico.

Ligada a essa diferença na estrutura sintática da frase, Galves nos mostra como ela está ligada a um aspecto semântico fundamental, o modo como o português do Brasil faz referência às coisas sobre às quais se fala. Observe que se tomamos a frase do português do Brasil Eu tinha uma empregada que ela respondia ao telefone e dizia… vemos que o ela retoma diretamente empregada, desfazendo o caráter anafórico do que (relativo), diferentemente de, por exemplo, Eu tinha uma empregada que atendia o telefone e dizia…, na qual o que mantém seu caráter anafórico. Em cada caso o modo de referir à empregada é um.

Ou seja, o fato de o português ter uma estrutura de tópico para suas frases diz respeito ao modo como no Brasil se faz referência às coisas, ou seja, diz respeito a como, num acontecimento enunciativo específico, refere-se a algo. Em outras palavras, esta característica de estrutura da frase está diretamente articulada a um modo de funcionamento semântico-enunciativo, outros diriam semântico-pragmático, do português no Brasil. Enfim, Galves nos mostra que o português do Brasil tem uma estrutura e funcionamento diversos do português de Portugal e das outras línguas latinas. E esta não deixa de ser uma questão a ser estudada no quadro do multilingüismo brasileiro.

CARACTERÍSTICAS DO LÉXICO

Desde o início do século XIX, com o Marquês de Pedra Branca, se usa o estudo do léxico para mostrar diferenças entre o português do Brasil e o português de Portugal. Essas diferenças dizem respeito ao fato de que, no Brasil, muitas palavras tomaram outros sentidos ou foram incorporadas ao português a partir das línguas indígenas e africanas, com as quais o português esteve e está em relação. Podemos observar palavras que têm um sentido em Portugal e outro no Brasil, a partir de exemplos retirados de Teyssier (1997)

PORTUGAL / BRASIL

comboio / trem
autocarro / ônibus
eléctrico / bonde
hospedeira / aeromoça
caneta de tinta permanente / caneta-tinteiro
corta-papeles / pátula
fato / terno
metro / metrô

Por outro lado, há no Brasil um conjunto importante de palavras de origem indígena, comumente o tupi, assim como de origem africana, os exemplos são também tirados de Teyssier (idem). Exemplos de palavras de origem indígena: capim, cupim, caatinga, curumim, guri, buriti, carnaúba, mandacaru, capivara, curió, sucuri, piranha, urubu, mingau, moqueca, abacaxi, caju, Tijuca, etc. São, em geral, palavras relativas à designação da flora, da fauna, de alimentos, assim como de lugares.

Exemplos de palavras de origem africana: caçula, cafuné, molambo, moleque; orixá, vatapá, abará, acarajé; bangüê; senzala, mocambo, maxixe, samba. São, em geral, palavras que designam elementos do candomblé, da cozinha de influência africana, do universo das plantações de cana, do universo de vida dos escravos, e mesmo outros de aspecto mais geral. Grandes listas de palavras dessas línguas que se incorporaram ao português podem ser encontradas em diversos livros de lingüística histórica do português como Silva Neto (1950), Bueno (1946, 1950) e Coutinho (1936).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Várias outras características podem ser atribuídas ao português do Brasil, mas a melhor forma de tratar disso é observar o modo como o português se divide em falares regionais específicos ou registros distintos de acordo com situações particulares do funcionamento da língua, como o formal ou o coloquial, o íntimo e o público, etc.

Por outro lado, fica claro que o estudo do português do Brasil indica para a necessidade de se aprofundarem pesquisas históricas que dêem mais relevo à questão das relações do português num espaço multilíngüe muito particular.

Leia o artigo original (PDF):

37 Respostas

  1. Esse texto vem elucidar alguns pontos que ainda não estão claros.

    A JulianaS já tinha me dito alguma coisa sobre o português ter mais sons de vogais que o Brasileiro, então, realmetne, esse pode ser um dos motivos que dificulta nossa compreensão e até nosso reconnhecimento da língua lusitana. Claro que há muito mais coisas que explicam esta nossa incapacidade, mas, pelo menos, tira aquela idéia de má vontade dos brasileiros.

  2. Uma pessoa no yahoo tinha me falado sobre essa característica do português que tanto nos diferencia, mas tenho andado tão sem tempo, por isso não pesquisei para poder comprovar aquela afirmação. O artigo veio a calhar. São intrigantes estes sons, será que nós os perdemos ou os portugueses os criaram depois? Sei que no português arcaico o ‘s’ (preservado no Brasil) não era chiado como é hoje no português moderno luso. Também existe a hipótese de que “te, ti” e o “de, di” antigos eram falados como é hoje na maioria do Brasil “tchi e dji”.

    A origem dos sons /tch/ e /dch/ no Brasil

  3. Eu não concordo com esta hipótese de mais sons, acho que não entendemos ‘eles’ por causa do vocabulário, da velocidade que eles falam e porque eles não pronunciam as vogais – ou se pronunciam, é quase imperceptível.

  4. E também o Brasil tem uma pronúncia completametne diferente, com sons bem variados, então, se fosse assim, era para os portugas não nos entenderem, o que parece não acontecer.

  5. Acho que é mais um problema de dicção por parte dos falantes do português e uma falta de exposição da outra variedade aos falantes do brasileiro.

  6. Lendo os comentários do Deda
    começo a concordar com ele, vejam:

    Tirado do blog: [ahuiho.blogspot.com/2005/06/schifaizfavoire.html]

    SCHIFAIZFAVOIRE

    Vai uma punheta com uma cervejinha?

    Calma, mentes sujas! Não ajam como putos que, com seus fato-macacos, acabam de correr do pica. .

    E, antes que me perguntem, não estou chalado!. Afinal, não quero que coscuvilhem a meu respeito.

    Tudo bem, sem badagaio.. Já me explico. É que acabei de encontrar este site do bestial Mário Prata . Ah internet, esta boceta de pandora.

    E você acha fala português né?

    PS- A “tradução” das palavras em negrito está no site:
    marioprataonline.com.br/obra/literatura/adulto/dicionario/framegranda_a.htm

    SCHIFAIZFAVOIRE é um dicionário do escritor Mário Prata que morou durante dois anos em Portugal. Nesse período, pesquisou as mais engraçadas e interessantes diferenças entre o português de lá e o de cá, colocando neste livro o divertido estudo sobre elas.

  7. Que achado, Patrícia. O dicionário do Mario Prata é muito engraçado
    -destaco-

    TALÁ

    É o que a pessoa pergunta quando você atende o telefone. Aí você responde Tossim. E começa a conversa. Nada além do ALÔ.

    hahahahahahahah

  8. Respondendo ao Luís Ribeiro AQUI:
    brasiliano.wordpress.com/2008/07/11/bobagens-sobre-o-acordo-ortografico/

    Se alguém precisou da cultura portuguesa e neste caso da sua língua para formar a sua aínda jovém identidade, foi precisamente o Brasil, visto que a língua portuguesa é a “base” da cultura brasileira, é como se fosse o cimento que ligasse as saladas culturaís que por aí abundam,óbviamente que no Brasil a lingua falada e escrita é o português , mas não no idioma de Portugal,o idioma do Brasil é naturalmente o brasileiro como não poderia deixar de ser.

    Eu não deveria responder, é que eu não me agüento…

    durante o período colonial (1530 a 1822) e até o pós-colonial, predominam etnias não-brancas, numa média aproximada de 70% para as não-brancas e de 30% para a etnia branca. Ressalte-se que até meados do século XIX a etnia branca estava representada, quase que exclusivamente, pelos portugueses e luso-descendentes.
    idiomabrasileiro.blogspot.com/2008/06/fatores-scio-histricos-condicionantes.html
    (A população em meados do séc XIX era de 5 a 6 milhões de habitantes)

    Ou seja, antes da chegada maciça de imigrantes italianos, alemães, libaneses etc, predominava uma minoria de portugueses e uma vasta maioria de negros e mulatos.

    Não quero minimizar a influência portuguesa no Btrasil que reconheço ser muito importante, mas também não vamos exagerar. Isso sem contar que até meados do séc XVIII a língua mais falada no Brasil era a Língua Geral

  9. Censo histórico do IBGE: Estimativas da População – 1550-1870

    ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censohistorico/1550_1870.shtm

  10. Impressionante estes dados sobre a população.
    Fazendo uma análise bem amadora: Vieram para o Brasil até 1850 (quando foi proibido em definitivo o tráfico de escravos – que, como sabemos, vinha sofrendo a pressão inglesa desde o início do século XIX)cerca de 4 milhões de escravos africanos.
    [ibge.gov.br/ibgeteen/povoamento/negros.html]

    Agora vejam – Censo do ibge
    ibge.gov.br/ibgeteen/povoamento/tabelas/pop_estimada.htm

    1800 – 3 250 000
    1808 – 4 051 000
    1810 – 4 155 000
    1815 – 4 427 000
    1823 – 5 025 000
    1850 – 8 000 000 ou 7 256 000

    Se 70% era não brancos (tirando os 2% índios)- sobravam + ou – 5 500 000 negros e mulatos.

    Gente, vejam que horror, a taxa de mortalidade dos negros era espantosa – a população negra e mulata quase ficou estável.

    Outra coisa espantosa vendo as tabelas do IBGE é o salto populacional que o Brasil dá com a imigração.
    ibge.gov.br/ibgeteen/povoamento/tabelas/populacao_cor.htm

    ibge.gov.br/ibgeteen/povoamento/tabelas/imigracao_brasil.htm

  11. E uma hipótese curiosa sobre nossa “unicidade” é encontrada em Casa Grande & Senzala – Gilberto Freire

    “O Brasil formou-se, continua ele, despreocupados os seus colonizadores da unidade ou pureza da raça. Durante quase todo o século 16, a colônia esteve escancarada a estrangeiros, só importando às autoridades coloniais que fossem de fé ou de religião católica.

    “O perigo não estava no estrangeiro nem no indivíduo disgênico ou cacogênico, mas no herege. Soubesse rezar o padre-nosso e a ave-maria (…) —e o estrangeiro era bem-vindo no Brasil colonial. (…) Ao passo que o anglo-saxão só considera de sua raça o indivíduo que tem o mesmo tipo físico, o português esquece raça e considera seu igual aquele que tem religião igual à que professa”.

    folha.uol.com.br/fol/brasil500/zumbi_24.htm
    —————-

    “Durante quase todo o século XVI a colônia esteve escancarada a estrangeiros, só importando às autoridades que fossem de fé católica. Temia-se no adventício acatólico o inimigo político capaz de quebrar aquela solidariedade que em Portugal se desenvolvera junto com a religião católica. Essa solidariedade manteve-se entre nós esplendidamente através de toda a nossa formação colonial.” Trecho de Casa-Grande & Senzala. “

  12. Fugi do tema novamente, é que acho tão interessante a história da formação do Brasil.

  13. Boas tardes amigos,tanta coisa que nem sei por onde começar, mas hoje vou ser breve,amanhã escrevo um “post” com mais calma.
    Hoje só queria comentar aqui esta pequena fuga ao tema central do blog proporcionado pela intervenção da Maria Luiza,e a resposta da Juliana.
    Realmente pra mim o que maís desonra a história de um nação é precisamento o racismo,é o tratamento desigual e a falta de respeito pelas outras culturas,neste aspecto o meu povo sempre foi grande, sempre se demarcou de atitudes das potências europeias da época, aliás ,só com uma politica de espada numa mão e da miscigenação na outra é que se consegue perceber como uma nação de uns miseros 1,5 milhoes de habitantes fez tanto por esse nosso mundo fora ,partindo do minho, e acabando só em timor, deixando mestiços em todo lado .Afinal Portugal no sec 16 já sabia que o genoma humano não tinha raça ao contrário de outros povos europeus sempre muito racistas e xenófobos”ingleses” “franceses” “alemães”.
    Juliana estou a acabar de ler um livro soberbo que diz muito respeito ao Brasil e a Portugal, chama-se “0 império á deriva” e retrata a fuga vergonhosa da corte portuguesa perante a invasão napoleónica na peninsula ibérica e o seu estabelicimento no rio,as implicâncias que isso trouxe politicamente, fala das atitudes vergonhosas dos ingleses quando estes tomaram conta do comércio do rio, desrespeitando e humilhando os locaís , o que levou d. joão 6 a escrever cartas ao rei inglês, enfim delicioso mesmo aconselho!!!!,o livro foi escrito por um tal Patrick Wilcken jornalista australiano,que viveu no rio, fala português fluentemente,actualmente vive em londres.
    Abraços para todos.

  14. Este ano comemoramos os 200 anos da chegada da família real e é interessante nossa diferença de ponto de vista, o que pra vocês representou uma vergonha pra nós, brasileiros, foi a salvação. Esta fuga provocou uma verdadeira revolução econômica no Brasíl e acelerou o processo de independência do país. Somos eternamente gratos a Napoleão, inclusive este foi o mote de uma crônica do Le Monde: “Muito obrigado, Napoleão”, dizem os brasileiros blog.controversia.com.br/2008/04/14/cronica-muito-obrigado-napoleao-dizem-os-brasileiros/

    Já tinha ouvido alguma coisa sobre o livro que citou, depois vou procurar. Aqui, o que está há meses na lista dos mais vendidos é “1808”, de Laurentino Gomes. Todo mundo diz que é ótimo. (Eu ganhei mas até agora não tive tempo de ler, aliás, tempo pra mim virou artigo de luxo)
    Um trecho do livro: veja.abril.com.br/livros_mais_vendidos/trechos/1808.html

  15. Puxa-vida, isso aqui rendeu no findi. Pegando o fio do assunto, li que foi nessa época que os cariocas passaram a chiar o ‘s’ como os portugueses, palatalização pouco comum no Brasil. Como no séc XVIII já ficaram evidentes as diferenças entre o brasileiro e o português, em 1808 estas distinções eram perceptíveis.

    Outra coisa, pra enriquecer os detalhes de nossa história, é que nesse tempo houve a revolução do Haiti, em que os escravos, maioria da população, tomaram o poder no país. Com medo da história se repetir no Brasil, o governo imperial começou com a política de imigração e embranquecimento da população brasileira. Rsta é a explicação para o salto populacional notado nas tabelas do IBGE. Os primeiros a chegar foram os suíços que se instalaram na região serrana do Rio: Nova Friburgo, Petrópolis, Teresópolis dentre outras, por isso daquelas cidades com toque alpino.

    Tipo esta: (Nova Friburgo)

    Nova Friburgo – Rio de Janeiro

    Aqui neste vídeo conta um pouco mais: “Chegada da Família Real ao Brasil: a saga dos suíços”
    http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM801575-7823-CHEGADA+DA+FAMILIA+REAL+AO+BRASIL+A+SAGA+DOS+SUICOS,00.html

    mais:
    http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM782191-7823-A+POLITICA+NO+TEMPO+DE+DJOAO,00.html

  16. Será que foi com a imigração que Brasil e Portugal começaram a perder as afinidades? Hoje os laços são mais históricos, alguns culturais- dependendo da região-, também mais ou menos lingüístico. Mas creio que não é nada relevante ou muito forte tipo os EUA e Inglaterra, meio que se extingüiu este parentesco, não sei.

  17. Patrícia, eu já disse que eu amo de paixão suas intervenções? Você traz umas coisas bem diferentes, os vídeos são MA-RA-VI-LHO-SOS, obrigado.

    Olha, pode parecer estranho, mas eu acho a história brasileira muito baixo-astral, a parte que eu mais gosto é do período que vai da ascensão de Getúlio até o Golpe militar.

  18. Penso que esse afastamento começou no 2º reinado e culminou com a morte no exílio de D. Pedro II. Depois disso o Brasil seguiu outro rumo, até pelos problemas na Europa e pela escalada dos Estados Unidos como potência. O país assumiu de vez a identidade americana e aprofundou nossa tendência “umbiguista”-isolacionista, se é que me entendem. (Eu tenho pra mim, não sei se concordam, que o Brasil é um país extremamente fechado e isolado)

    Não acredito que só os imigrantes expliquem este distanciamento dos dois países, há muito mais coisas aí.

  19. Que responsabilidade eu tenho agora, Paulo! 😉

    Ju, lendo sobre esse negócio de isolamento, me lembrei de um artigo de um argentino chamado Tomás Eloy Martínez em que ele conmenntava esta característica brasileira.

    Salvo unas raras excepciones en el cine, la música y la literatura, la asombrosa cultura de Brasil es apenas conocida fuera de las fronteras. Cualquier estudiante de bachillerato en Curitiba o Minas Gerais ha leído a los jóvenes autores chilenos, argentinos y mexicanos, pero quizá sobren los dedos de las manos para contar a los argentinos que se han asomado a la obra de Patricia Melo o Bernardo Carvalho, cuyo talento narrativo es comparable al de músicos como Edu Lobo y Elza Soares, de los que también se sabe muy poco. Hace treinta años, en Buenos Aires, le pregunté al célebre Vinicius de Moraes a qué atribuía ese aislamiento. Me respondió con una carcajada. “Somos ciento cincuenta millones de brasileños -dijo-. Nos interesa todo lo que sucede afuera, pero adentro no necesitamos más público. Si alguien quiere conocernos mejor, puede venir a buscarnos. Tenemos los brazos abiertos.”

    El gigante a la vuelta de la esquina, por Tomás Eloy Martínez
    lanacion.com.ar/nota.asp?nota_id=662018

  20. Agora somos 189 milhões de habitantes e, como diria Vinícius, não precisamos de mais público.

    Creio que todos os países continentais e populosos padecem desse mal. (Talvez bem?)

  21. Paty
    acho que vc se confundoiu quando citou Petrópolis como cidade de imigração suiça, lá foi alemã.

    Deixei um comentário no post de Petrópolis pra você:

    Petrópolis – Rio de Janeiro

  22. Gentêêê!!!!

    Vamos pra cá agora????
    https://brasiliano.wordpress.com/2008/08/01/variedades-do-portugues-no-mundo-e-no-brasil/

    O outro artigo é muitíssimo mais legal e quase ninguém comentou. Cadê o Editor que sumiu da moderação?

    E respondendo ao Luís de Portugal (Ele citou meu nome)

    “pra mim o que maís desonra a história de um nação é precisamento o racismo,é o tratamento desigual e a falta de respeito pelas outras culturas,neste aspecto o meu povo sempre foi grande”

    Realmente, FOI – no passado – (E há controvérsias sobre esta grandeza, mas deixa pra lá)

    Hoje é assim:
    brasiliano.wordpress.com/2008/06/10/brasileiras-em-portugal-sofrem-com-a-discriminacao/

    Nós sabemos muito bem o que acontece aí.

  23. Boas noites amigos,pareçe que andamos um pouco desviados do tema do blog, ou é impressão minha?hahaha.
    Bom regressando ao tema do blog, ou seja, a influência do idioma brasileiro nos outros idiomas da lingua portuguesa,há aí uma situação atrás que alguem falou á cerca dos brasileiros por vezes não entenderem os portugueses a falar , e também os falantes de espanhol não entenderem os falantes da lingua portuguesa.
    Queria fazer uma simples ressalva eu não sou nenhum expert em liguistica, longe disso, pretendo-vos dár um meu contributo baseado na minha experiência de vida para tentar exclarecer certos assuntos, visto que vivo deste lado do atlântico,as minhas opiniões valem o que valem , elas são minhas, tenho direito a elas, assim como alguns dos meus amigos podem discordar delas tém todo o direito disso também.
    Ora bém,para mim quando um brasileiro não entende alguma passagem falada de um português normalmente isso aconteçe por um motivo simples, ou seja, a nossa velocidade a falar,o nosso idioma é falado a uma velocidade de cerca de o dobro da vossa e por vezes voçes ficam para trás hahhahhah!!!!mas nada que não se resolva no acto !!! hahhahah.Outra coisa tém a ver com o total alheamento do Brasil actual pela cultura portuguesa,livros portugueses ? quem os lê no Brasil? ninguém, musica portuguesa? quem ouve? quem conheçe os “balla”,”Pedro Abrunhosa”,os “Clã” etc, ninguém clarooo !!!!portanto o brasileiro normalmente não é “exposto” ao falar do idioma português daí tenha maís dificuldade.Já no que diz respeito á cultura Brasileira a nivél musical muita gente conheçe muita coisa vossa aqui, Tom jobim, Chico Buarque,Caetano veloso, etc tantos tantossss!!!novelas brasileiras? elas não estão divulgadas elas são praga mesmo hahhahhah!!!!devem hexistir no minimo 7655744 novelas brasileiras a passar aqui nos e canais da tv diáriamente, e acreditem são elas que maís dão a conheçer a cultura e o vosso modo de vida aqui, além de claro “sensibilizar” o ouvido tuga com vosso sotaque, portanto o vosso idioma não nos é nada estranho nem por vezes expressões e gírias tipicamente brasileiras , as novelas dão-nos isso.
    Quanto á falta de entendimento dos espanhóis da nossa lingua, pra mim é fácil de explicar,o português tém sons únicos tipo os “aõs” , eles quando os ouvem , perdem-se, pois não reconhecem taís sons estranhos aos seus ouvidos, dizem que estes “aõs” são pequenas heranças que sobraram das tribos celtas que em tempos habitaram o norte e centro de Portugal, foi o que eu li sobre o assunto, Além de na nossa lingua, nós conjugarmos os verbos de uma forma um pouco diferente da deles e eles acharem isso engraçado ,daí o português e o espanhol ao ouvido terem um sabôr um pouco diferente sem dúvida.
    Deixo-vos em baixo uma musica de Pedro Abrunhosa para quem quiser ouvir claro!!! no video passa a letra escrita não vá haver por aí ouvidos maís “duros”ou insensivéis ao sotaque português hahhahhah ,reparem como é completamente diferente do vosso, o estilo de musica e o sotaque , mas igualmente belo.

    Abraços para todos.

  24. Pra embasar meu comentário anterior:
    “Era paulista a língua que se falava no Rio de Janeiro. Isso mudou em 1806, quando a população do Rio era de 14 mil habitantes e dom João VI chegou com sua Corte, cerca de 16 mil portugueses.”

    brasiliano.wordpress.com/2008/08/06/a-gramatica-na-ponta-da-lingua-e-na-linguistica-de-ponta/

    Luis,
    como você percebe o português hoje? Acredita que haja uma convergência ou um distanciamento? No Brasil, por vivermos “isolados”, como disseram, não fazemos uma leitura muito boa sobre o que acontece no mundo lusófono, tbm não temos muito contato com os países da África.

    Pelo que li nos posts de “pérolas” e “denúncias”, o que eu noto é um preconceito muito forte em relação ao vernáculo brasileiro (e, em extensão, ao próprio Brasil) e acredito que a tendência é das duas variantes se afastarem já que os brasileiros prezam muito nossa pronúncia e os luso-africanos gostam tanto da sua “forma”.

  25. Boa noite amigos,estou um pouco triste hoje,já vão perceber porquê.Quero dar duas respostas de forma bém simples á Patricia,primeiro a questão do português estar a divergir ou não?,Patricia, óbviamente que o português de Portugal e Brasil estão cada vez maís a divergir, isso é indesmentivél,os linguistas brasileiros no acto de vingança de não terem sido consultados aquando Portugal mudou a nossa ortografia em 1911 redigiram uma ortografia ao contrário das nossas novas normas, inventando assim numa espécie de “revenge” o português brasileiro.Óbviamente que o idioma do Brasil já possuia um sotaque destinto do de Portugal, afinal a lingua portuguesa esteve, e está em contacto com variadas culturas num país de enorme dimensão que é o Brasil.A partir dessa data o Brasil também passou a ter uma ortografia destinta do português daqui.
    O que se passou a partir daí,é que vários acordos foram tentados para reapróximar as ortografias divergentes todos têm fracassado, este, apesar de ratificado assinado por alguns governos inclusive o português irá fracassar é de muito baixo nivél,não serve a lingua portuguesa na sua versão portuguesa nem brasileira ,apenas serve interesses brasileiros politicos que nada têm a ver com lingua por isso será um nado morto, mas para perceberem isto melhor, deixo-vos um link em baixo para quem quiser consultar, trata-se de uma opinião muito bém fundamentada por quem sabe de linguas , portanto devem ser esses que devem dár as explicaçôes.
    Quanto á segunda questão da xenófobia ,Patricia, não sei se alguma vez veio á europa, mas acredite no que eu lhe digo, se algum dia vier, vaí poder confirmar,se há algo que os portugueses se orgulham é de não serem um país”relativamente” xenófobo,em comparação com outros povos europeus, até porque o nosso conceito de nacionalidade é bem destinto das outras nacionalidades europeias,passo a explicar,o nosso DNA aquilo que nos destingue como povo díspar de qualquer outro á façe da terra, foi-nos legado por um grande império que conquistou e submeteu, escravizou carregou o ouro daqui(parece que esta história foi repetida uns anos depois algures) hahaha os povos que habitavam nessa altura á 2000 anos atrás a peninsula ibérica, esse império chamou-se império romano, o nosso conceito de nacionalidade sempre se baseou nos mesmos conceitos dos nossos papás culturais romanos ou seja, enquanto para os anglo-saxôes”ingleses, alemães,holandeses,etc”, nacionalidade para eles é um conceito de étnia,de tom de pele e local de nascimento,para os espanhóis por exemplo o conceito de nacioalidade tem a ver essencialmente os seus antepassados, de tal modo quando uma criança nasce é inscrita a sua linhagem das ultimas três gerações.Tal como ser-se cidadão romano,ser-se e sentir-se português é um estado de espirito, é uma aceitação no sentido amplo, da cultura nacional, é uma maneira de ser de estar na vida.Portanto por aqui se vê, o porquê de nós aceitarmos muito bém os outros e de nos integrarmo-nos muito bém em outras culturas, tendo os portugueses longas tradiçôes de casamentos inter-raciais com outras culturas de áfrica-america-indias, a tal miscigenisação tão fundamental á construção do primeiro império global da história.
    Agora o porquê de em certos blogs voçe ver opiniões xenofobas contra brasileiros?.É assim nem todos os portugueses já viajaram ou conhecem o Brasil minimamente, o Brasil tém montes de realidades sócio-económicas e sociais,infelismente os brasileiros que viajam para aqui são pessoas pobres sem estudos e muitos deles bandidos não ponnha dúvidas nisso, enquanto estou a escrever isto (daí a minha tristeza) a policia portuguesa consegiu por cobro a um assalto num banco com sequestro incluido de duas pessoas inocentes felismente libertadas sem se magoarem, em que a policia portuguesa atirou a matar sobre dois assaltantes brasileiros, que se barricaram 8 horas dentro do banco sempre a ameaçar com uma arma a vida das duas pessoas. Á uns meses atrás um casal de garotos brasileiros , ela nem vinte anos tinha , mataram a sangue frio um dono de uma joelharia na pacata cidade de leiria.Nós não estamos habituados a este tipo de violência gratuita isto choca-nos, e depois claro, quem não conheçe o Brasil no seu todo fica com uma imagem distorcida dada por estes infelizes que para aqui emigram , e depois sabe como é, paga sempre o justo pelo pecador.

    abraços a todos.

    http://www.jrdias.com/jrd-acordo-nao.htm

  26. Sinto muito, Luís. Vi esta notícia agora no uol, não sei nem o que dizer. No Brasil crimes cometidos por estrangeiros são relativamente comuns, aliás, nem são mais notícia, infelizmente. Nós brasileiros, até pelo nosso cotidiano, n~/ao costumamos generalizar e fico com pena da comunidade brasileira aí. Os europeus, tirando os ingleses, me parecem provincianos e acredito que este fato possa ser correlacionado ao Brasil, criando mais preconceito (o que leio aqui é que acontece uma discriminação bem dura – nunca fui aí, realmente eu não sei). Eu poderia entrar no site da polícia e listar mil casos de crimes, muitos deles hediondos, cometido por estrangeiros, inclusive portugueses, todos os dias no Brasil, mas não vou fazer isso pois não quero parecer estar tentando minimizar o fato. Violência não é justificada com mais violência.

    Felizmente para o Brasil a criminalidade (que é bem concentrada em algumas cidades e regiões) está diminuindo, ainda é alta, mas as coisas parecem estar entrando ns eixos. E sobre os imigrantes brasileiros, sinceramente, eu não sei quem são, não conheço ninguém do Brasil que more no exterior, li hoje no site do ministério das Relações Exteriores, só pra vc ter uma idéia, que estão por volta de 3 milhões, boa parte ilegal, são menos de 2% da população brasileira. E da mesma forma que vcs não sabem lidar com os imigrantes, por não estarem acostumados, nós tbm não sabemos como agir com nossos emigrantes, é uma situação nova para o Brasil e, por serem tão poucos, talvez não despertem tanto nossa atenção.

    Lamentamos muito (falo por todos do blog), de coração.

  27. Lamentável, me senti muito mal ao ver a notícia hoje no jornal e, como bem disse a Ju, não sei nem o que dizer.
    Eu sinto muito.

    Luís
    Quanto ao que vc diz sobre os acordos anteriores eu discordo citando um artigo de um português:

    “em 1911, com o advento da República, Portugal promoveu uma grande reforma ortográfica da língua. Infelizmente, fê-lo à revelia do Brasil, que era então o outro grande país de língua portuguesa. Ora, implantar uma reforma ortográfica constitui um acto de soberania, o qual não pode ser imposto a outro país. Mas era o que Portugal pretendia, ou seja, que o Brasil adoptasse a ortografia portuguesa de 1911, o que não aconteceu.”

    “a queda das consoantes mudas (aproximando a escrita da brasileira), esta alteração já tinha sido combinada entre Portugal e Brasil em 1931. Só que nós (Portugal) ‘nunca’ cumprimos com o acordo. Ora, como o Brasil já tinha simplificado a grafia nessa base, por sua vez não aceitou voltar a escrever as consoantes não articuladas e, por isso, acabou por não respeitar o acordo de 1945.”

    ciberduvidas.sapo.pt/pergunta.php?id=23250

    Em relação à questão de xenofobia, eu nunca fui à europa, conheço a realidade dos EUA, mas acho os norte-americanos bem tranqüilos e abertos, é incrível a diversidade de NY, por exemplo. Vou lá como turista, dizem que é preciso morar pra conhecer, talvez, eu tenho uma ótima impressão dos Estados Unidos.

    De Portugal, a minha perspectiva é a sua perspectiva e vejo em vc um belo embaixador de seu país. A impressão que tenho hoje de Portugal é melhor que a de ontem, pode acreditar.

  28. Boa noite amigos,Patricia,esse texto que colocou aí em cima tem um autor, e ele chama-se professor “aborto” Malaca Casteleiro,que juntamente com outro clone dele professor “aborto2″Carlos Reis” hahahhahhah!!!!são as duas almas luminárias que vão salvar a lingua portuguesa do desaparecimento hahhahhahhah!!!!,e a poção mágica para isto?segundo as teorias destes senhores os portugueses deverão passar a falar e escrever “brasileiro de portugal” hahhahhahhahhahhah!!!!!!!!.Portanto tudo que esses dois boçaís lançam da boca para fora é como voçes bém dizem”conversa para boi dormir”.Oitenta e cinco por cento dos portugueses estam-se cagando para o que esses dois boçais dizem.
    Quanto a essa história de um acordo falado de 1931 , que essas duas moças falam nunca tal ouvi…é óbvio que elas fazem parte dos dez a quinze por cento que apoia as teorias desses dois boçaís hahhahhah!!!!!.Eu á vezes até fico parvo como é que é possivél haver uma “pequena” minoria , que apoia taís parvoiçes, será que essa gente algum día foi ao Brasil?, Será que essa gente pode acreditar que é possivél fazer um português universal “neutro”?, lingua que é falada desde aqui coimbra, rio de janeiro, curitiba, cabinda, luanda,nacala, beira ,dili…. essa gente tem a noção disto????????.
    Só para ter uma pequena noção dos que estes dois imbecis andam para aqui a defender com unhas e dentes vejam só este exemplo… passo a citar….por exdemplo a palavra “aspecto”, actualmente escrita de maneira igual nos nossos dois paises, certo.Mas com este “aborto” ortografico, segundo as regras, no idioma português deixa-se de escrever a consoante “muda” quando ela não é pronunciada, ou seja a palavra passará a ser escrita nas leis do “aborto ort.” aspeto” porque os portugueses não pronunciam o “c”, no entanto no Brasil a palavra “aspecto” continuará a ser escrita “aspecto”, porque o “c” é pronunciado no idioma do Brasil. hahahahahaha, aí está um belo exemplo de unificação ortografica que estes dois abortos defecam por aqui hahhahhahhahah!!!!!!!!!!é por estas e muitas maís que não lhes ligo nenhuma nem eu nem a maíoria dos portugueses , morre para sempre aborto ortografico hahhahhahha!!!!,porque primeiro , ninguém o pediu, ninguem o quer, e acima de tudo ninguém nem portugueses ou brasileiros precisam dele hahhahhah!!!!
    Outra que agora me lembrei, estava o “aborto2” Carlos Reis numa entrevista na rádio a difundir as idiotiçes dele, atenção que o homem é bém falante, quase que até leva um individuo, menos atento a ser enganádo hahhahhah!!!!defecava ele daquele cerebro luminário que o português corria sério risco por cauda da internet,afinal o idioma brasileiro é muito maís difundido,(que grande descoberta) hahhahhah comparar um país de 185 milhoes com um de 10 milhoes, mas adiantando,pois só que ele não disse foi que o “gmail” também havia agora em idioma portugues e idioma brasileiro, e em quase tudo na net há os dois idiomas como opção hahhahhahhahhah!!!!e o português idioma de portugal vaí desaparecer defeca ele… hahhahhah emfim!!!!!
    Mas para melhor esclarecer as duvidas á cerca do “aborto ortografico” deixei um site de um especialista tradutor, portanto homem que trabalha com letras e lingua, onde podem esclarecer as duvidas . Ele dá vários exemplos, e está muito bém fundamentado, e desarma completamente a teoria desses dois boçaís.O site apareçe no final do meu anterior “post”
    Quero partilhar uma pérola com voçes, trata-se do Rui veloso, um grande cantor portugues a cantar juntamente com a brasileira Leila Pinheiro, está divinal!!!!Depois de ouvir esta musica li os comentários em baixo e há um que diz ” realmente nada nos separa, a não ser o atlântico e a ignorância de muitos” eu Luis Ribeiro subscrevo na totalidade esse comentário.
    Abraços para todos.

  29. Desconhecia os autores, não sabia que eram tão odiados, citei os artigos por detalharem os conteúdos e um pouco da história dos acordos. Não acredito que a Academia Brasileira de Letras, por vingança, faria uma revisão ortográfica contrária à de Portugal, não é do feitio, não combina com os “imortais” da academia.

    O principal problema da língua brasileira é estar presa à uma molde que não nos serve, que seria a gramática portuguesa. Como dizia Marroquim: É uma violência inútil ajeitar-se uma idéia a um molde inadequado que a comprime, que a machuca, que a deforma, somente porque esse molde assentava bem a essa idéia há 100 anos passados. É martírio para a mocidade que aprende e humilhação para o mestre inteligente que ensina, esse bilingüismo dentro de um só idioma – essa unidade exterior, de superfície, de duas línguas que se repelem, a língua que falamos e a língua que escrevemos. […]Nós, no Brasil, presos à gramática “portuguesa”, somos vítimas de uma desintegração dolorosa de nós mesmos. […]A língua brasileira, já ninguém discute isso, diverge da portuguesa; é esta, entretanto, que a escola continua a ensinar ao brasileiro.

    Não vejo qual a necessidade ou o sentido de se alterar a ortografia. As duas variantes são muito diferentes, apesar do Brasil conviver com esse problema normativo.
    “Vou ‘ao’ médico” faz sentido em Portugal, no Brasil o que faz sentido é “Vou ‘no’ médico”, e o mais espantoso é que esta forma brasileira segue a lógica do latim e mesmo assim a gramática taxa como erro. Vou ‘no’ médico? Certo ou Errado? Eu fico pensando até quando vão permitir essa violência ao idioma brasileiro.

    Vejo com grande surpresa o tom terrorista que o acordo teve em Portugal. Uma língua não é engolida ou deixa de existir por que uma variante é mais popular que a outra. ‘Te’ provo (usamos as construções brasileiras abominadas pela gramática) com a história de resistência do idioma e de um povo europeu, agora brasileiro, que não existe mais em seu continente. Os Pomeranos (cerca de 300 mil no Brasil). É uma bela história, inclusive no vídeo vc pode ouvir a língua deles.

    Pomerano como segunda língua oficial

    O vídeo que você postou é lindo, a música divina e o sotaque do cantor e da cantora é maravilhoso hahahaa

  30. Paty, vou responder aqui esta sua pergunta.
    brasiliano.wordpress.com/2008/08/08/a-realidade-sociolinguistica-do-pais-e-a-formacao-do-portugues-brasileiro/

    Mas antes queria comentar estes lamentos pelo assalto em Portugal. Ora, o que nós, 98% dos brasileiros que moram e batalham por este país podíamos fazer pra evitar o acontecido? Não fizemos nada. Eu sinto tanto quanto os portugueses sentem pelos seus compatriotas que vêm fazer m* no Brasil. Eu nunca ouvi um pedido de desculpas de portugueses pelos milhares de bandidos, pedófilos e traficantes lusos que são presos aqui quase toda semana.

    (Se a Ju não lista eu listo vários casos “conhecidos”)

    O português Luiz Miguel Militão Guerreiro, responsável pela chacina de seis empresários portugueses enterrados ainda vivos na Praia do Futuro, em 2001. Militão chefiava uma quadrilha que planejava seqüestros de dentro do Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS).
    opovo.com.br/opovo/fortaleza/694444.html

    Taxista português é preso por estupro, pedofilia e exploração sexual
    noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI1372975-EI5030,00.html

    Quadrilha de portugueses presa na operação Caravelas
    A operação foi responsável por uma das maiores apreensões de cocaína no Estado do Rio.
    portobelem.com.br/modules/news/article.php?storyid=37

    STJ vai julgar dois portugueses acusados de seqüestro e cárcere privado de idoso
    direito2.com.br/stj/2003/jan/9/stj_vai_julgar_dois_portugueses_acusados_de_sequestro_e_carcere

    Português preso em Goiânia acusado de aliciamento de mulheres
    ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=191118&visual=26

    Polícia Federal prende “barão da droga” de Portugal
    folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u106952.shtml

    Polícia prende português suspeito de tráfico de drogas e de mulheres em SP
    folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u114735.shtml

    Português dono de boate preso por tortura
    folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u111350.shtml

    Portugueses presos na ‘Operação Furacão’ ( Máfia dos bingos)
    mundolusiada.com.br/POLITICA/poli208_mai07.htm

    Isso sem contar os milhares envolvidos com drogas.

    Por que lá não é comum e aqui seria mais normal, então no Brasil pode e lá não? Nos causam problemas desde a primeira vez que pisaram neste país e somos nós que temos que sentir muito? Conta outra!

  31. Agora minha resposta sobre a pergunta da Paty.

    A Inglaterra nunca temeu, sempre respeitou e tratou como igual os EUA, talvez porque o pais fosse colônia de povoamento e não de exploração e, até porque, se a Inglaterra tratasse os EUA com um tom paternalista provavelmente os americanos mandariam ‘eles’ passear.

    Portugal, além de nos temer, nos tratam como rivais e adotam uma postura arrogante e superior, talvez porque éramos colônia de exploração. Só que tem um porém, o Brasil é composto por gente do mundo inteiro que sabe muito bem o lugar de Portugal, esse discurso imperialista de quinta é rigorosamente ignorado e não cola no Brasil. Os imigrantes salvaram este país.

  32. Pra Malu:

    A Paz

    Gilberto Gil & João Donato

    A paz invadiu o meu coração
    De repente, me encheu de paz
    Como se o vento de um tufão
    Arrancasse meus pés do chão
    Onde eu já não me enterro mais

    (…)

    Eu pensei em mim
    Eu pensei em ti
    Eu chorei por nós
    Que contradição
    Só a guerra faz
    Nosso amor em paz

    Eu vim
    Vim parar na beira do cais
    Onde a estrada chegou ao fim
    Onde o fim da tarde é lilás
    Onde o mar arrebenta em mim
    O lamento de tantos “ais”

  33. Hoje de manhã quando abri minha caixa de e-mail e li a resposta que a Malu me enviou pensei imediatamente que o Paulo tinha postado alguma coisa aqui e, ao abrir o blog, constato que foi o que realmente aconteceu. Já estou conhecendo vcs.

    Malu, sua resposta segue a linha que esperava, não concordo com algumas coisas que diz mas respeito sua opinião. Obrigada por responder.

  34. A Minha Alma

    A minha alma
    Está armada e apontada
    Para a cara do sossego
    Pois paz sem voz
    Não é paz, é medo

    PATY,OBRIGADA POR ACEITAR MINHA OPINIÃO.

  35. [continuação da música]

    É pela paz que eu não quero seguir admitindo

  36. Independente de termos bandidos portugueses aqui, uma coisa não justifica a outra.

    Para mim este assunto está encerrado.

    Continuo aqui:

    A realidade sociolingüística do país e a formação do português brasileiro

  37. gostei muito do seu artigo. Passando por cima do aspecto semantico da questao, gostaria de lembrar
    a todos os lusofonos que os franceses ( tenho mais de 20 anos neste pais- 64/70 84/92 94/96 98/2010) passaram pelo mesmo problema e a ACADEMIA FRANCESA NAO CEDEU como os portugueses. Quando se entende Camoes ou Pessoa e nos apercebemos como o Portugues é BELO so um imbecil e ignorante pode pretender desvalorizar este ENORME PATRIMONIO . Que se acrescente valor, MUITO BEM.
    obs: so quero lembrar que em qualquer pais evoluido , que se preze, A LINGUA NACIONAL E A MATEMATICA sao as duas disciplinas de MAIOR EXIGENCIA …voce que critica ,sera capaz de comprender esta questao? E TEM MAIS ! UM POVO PODE SER MAL GOVERNADO, ATE PODE PASSAR FOME, MAS SE FICA BRUTO E ANALFABETO, FICA SEM DEFESA E NUNCA MAIS SE LEVANTA( a merce de ditadores, como ja foi o caso dos nossos dois paises). LUTEMOS POR UMA LINGUA E CULTURA FORTES. Deixemos os marginais de fora( sao uma gota de agua no oceano de GENTE BOA QUESAO OS-LUSO-
    FONOS).A BEM DUMA LUSOFONIA COM QUALIDADE. ZEGIL portugues;

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