BOBAGENS SOBRE O ACORDO ORTOGRÁFICO

“E deixe os Portugais morrerem à míngua…”
Caetano Veloso


Marcos Bagno
Publicado em Caros Amigos, maio de 2008

Quando o assunto é língua, praticamente tudo o que aparece na mídia é equivocado, distorcido. Pululam atualmente, por exemplo, bobagens a respeito do acordo de unificação ortográfica que entrará em vigor nos países de língua oficial portuguesa. Vamos ver as mais graves.

Bobagem nº 1: falar de “unificação da língua”. O acordo prevê apenas uniformização da ortografia, isto é, do modo de escrever em português. Quem fala “mêzmu”, “mêjmu”, “mêijmu”, “mêhmu” etc. vai continuar falando como sempre falou, mas só pode escrever mesmo. Nenhuma ortografia de nenhuma língua do mundo dá conta do fenômeno da variação, que é da própria natureza das línguas humanas. Por isso mesmo os Estados sentiram a necessidade política de fixar, por lei, um modo único de escrever. Mas não existe lei que uniformize os modos de falar, porque isso é impossível, tanto quanto é impossível uniformizar a cor da pele, dos cabelos ou dos olhos das pessoas – falar faz parte da nossa configuração biológica. Só nazistas podem pensar em uniformizar as pessoas em suas características físicas. E é também um quase nazismo querer que todas as pessoas falem de um modo uniforme, considerado o único “certo”, só porque a classe alta, minoritária e branca fala assim.

Bobagem nº 2: falar de “reforma” ortográfica. O acordo prevê apenas a unificação das duas ortografias atualmente em vigor (a brasileira e a portuguesa), eliminando os poucos aspectos que diferenciam as duas normas. São tantas as discrepâncias entre o que se fala e o que se escreve que, para criar uma ortografia minimamente próxima da fala, mesmo incorporando só o que é comum a todos os falantes de português no mundo, a reforma teria que ser tão radical que desfiguraria a tradição escrita da língua e perturbaria a transmissão do patrimônio cultural escrito em português. Por isso o inglês e o francês se escrevem do mesmo jeito há 500 anos. A escrita não é, de jeito nenhum, um retrato fiel da língua falada, nem tem como ser. Ela é uma mera convenção para registrar a língua, convenção baseada em critérios históricos, políticos, culturais, de classe social, muito mais do que em considerações propriamente lingüísticas.

Bobagem nº 3, decorrente da no 2: dizer que a reforma é “tímida” ou “meia-sola” (como disse um “professor de português” que brilha na mídia, só para confirmar seu despreparo para tratar do que quer exija uma análise um pouco mais bem fundada). Se não existe “reforma” nenhuma, como é que ela pode ser “tímida”?

Bobagem nº 4: achar que o acordo não tem importância. Tem importância, sim, e muita, porque o que interessa no acordo não é a ortografia em si, mas o papel político que o Brasil tem a desempenhar na comunidade lusófona. Portugal, infinitamente menos importante que o Brasil no cenário político e econômico mundial, se recusa a ver que quem lidera a lusofonia, hoje, somos nós. O PIB brasileiro é o 8o maior do mundo; o de Portugal é o 41o… Só na metrópole de São Paulo tem mais falantes de português do que em toda a Europa! Defender o acordo de uniformização ortográfica é defender essa liderança, é exigir que Portugal pare de se arvorar como fonte “original e pura” de irradiação do português e de decisões internacionais acerca da língua. O português que conta hoje, no mundo, é o nosso. E os portugueses que enfiem sua viola no saco e parem de ter saudades de um império que começou a ruir em 1808, senão antes…

Leia o artigo original:

E AGORA, PORTUGAL?

José Luiz Fiorin (USP)
(Artigo publicado na revista LÍNGUA PORTUGUESA, fevereiro de 2008)

É preciso esclarecer as informações desencontradas antes de dar o próximo passo na unificação da grafia do idioma

A língua portuguesa tem dois sistemas ortográficos: um vigora no Brasil e outro, em Portugal e nos demais países lusófonos (Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné Bissau e Timor Leste). Essas duas ortografias são oficializadas por dispositivos legais. No Brasil, a grafia é regida pela lei 2.623, de 21 de outubro de 1955, que restabeleceu a vigência do Formulário Ortográfico de 12 de agosto de 1943, e pela lei 5.765, de 18 de dezembro de 1971. Essa situação de não unidade se deve ao fato de que, logo depois da independência do Brasil, os escritores diziam que não bastava que houvesse uma independência política de Portugal, era preciso também estabelecer uma independência cultural. Por isso, o Brasil nunca reconheceu a autoridade lingüística de Portugal. As divergências ortográficas foram ocorrendo e, desde 1924, procura-se uma ortografia comum. Em 1945, chega-se a um acordo de unificação, que se tornou lei em Portugal no mesmo ano. No entanto, como o Congresso Nacional Brasileiro não o ratificou, a ortografia brasileira continua a ser regida pelas disposições de 1943.

As diferenças entre as duas ortografias não são substanciais, não impedindo a compreensão dos textos grafados numa ou noutra.

Entretanto, a duplicidade ortográfica dificulta a difusão internacional do português, na medida em que os documentos dos organismos internacionais que adotam o português como língua oficial precisam ser duplicados, pois devem ser publicados numa e noutra ortografia; em que a certificação de proficiência de língua portuguesa não pode ser unificada; em que os materiais didáticos e os instrumentos lingüísticos, como dicionários e gramáticas, produzidos numa ortografia não servem para os países que adotam a outra e assim sucessivamente. Para acabar com essa situação esdrúxula, os países lusófonos assinaram, em 1990, em Lisboa, um acordo ortográfico. Estipulou-se que ele entraria em vigor em 1º de janeiro de 1994, depois de sua ratificação pelos diferentes estados nacionais. Como a ratificação não se deu, conforme se previa, ele não pôde entrar em vigência e se acordou, em 2004, que ele passaria a vigorar depois de ser ratificado por três dos oito países. Até o momento aprovaram o acordo o Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Assim, em princípio, ele está vigente. No entanto, se os outros países não o adotarem, frustra-se a idéia de unificação. Por isso, estamos em compasso de espera.

Equívocos

Nos últimos tempos, diferentes manifestações têm surgido sobre o assunto e mesmo pessoas consideradas especialistas na matéria têm incidido em quatro equívocos. É preciso afastá-los para evitar que toldem nossa apreciação desse objeto.

O primeiro é que se está fazendo uma unificação da língua portuguesa. Isso não é verdade. O que se deseja fazer é uma unificação da ortografia, ou seja, da convenção por meio da qual se representam graficamente as formas faladas da língua, se escrevem as formas da língua. O que se pretende unificar é a escrita e não a língua, que varia de região para outra, de um grupo social para outro, de uma situação de comunicação para outra, de uma faixa etária para outra. A variação é um fenômeno inerente à língua, porque a sociedade em que é falada é heterogênea. É impossível uniformizar a língua. Repetimos, o que se pode e se quer tornar una é a ortografia.

O segundo equívoco é que a reforma é tímida, dever-se-ia fazer uma mudança radical para simplificar a ortografia e aproximá-la da maneira como falamos. Na verdade, aqui há dois erros. Primeiramente, não se está fazendo propriamente uma reforma ortográfica e sim um acordo de unificação ortográfica e, portanto, atinge basicamente os pontos de divergência das duas ortografias e não faz reforma profunda na maneira de grafar as palavras. Depois, enganam-se os que pensam que se pode escrever como se fala, pois a pronúncia varia, por exemplo, de região para região em cada país e, por isso, não se pode grafar tal como se fala. Além disso, cabe perguntar por que países em que se falam línguas, como o francês ou o inglês, cuja ortografia reflete um estado lingüístico muito mais antigo ou a origem da palavra, não fazem uma reforma ortográfica drástica. Porque não é mais possível, uma vez que mudar completamente a ortografia significa condenar à obsolescência todo o material impresso. Em duas gerações ninguém mais será capaz, sem preparo específico, de ler tudo o que foi impresso até o momento. Ora, isso é impossível. Podia-se fazer reforma ortográfica radical até o início do século passado. Depois, com o crescimento das bibliotecas, dos acervos etc. não se pode mais pensar em alterar totalmente a ortografia.

Meia-sola

O terceiro erro sobre o acordo é que ele, de fato, não unifica a ortografia. Como disse um conhecido professor de português, é “uma reforma meia-sola”. Os que afirmam isso se fundamentam no fato de que o tratado permite dupla ortografia nos casos em que no Brasil se acentua com acento circunflexo e em Portugal, com acento agudo, refletindo a diferença de timbre fechado e aberto (econômico/ económico; fêmur/ fémur; bebê/ bebé; gênio/ génio) e nos casos em que uma consoante seguida de outra não é pronunciada no Brasil, mas é falada em Portugal (por exemplo, facto/ fato; secção/ seção; sector/ setor; amnistia/ anistia; súbdito/ súdito; assumpção/ assunção). Afirmar que não houve a unificação é um erro porque as duas grafias passam a ser corretas no território da lusofonia. Hoje, é errado escrever ceptro e género no Brasil ou cetro e gênero nos outros países lusófonos. A partir da entrada em vigor do acordo, as duas grafias serão corretas em todos os países de língua portuguesa.

Isso quer dizer que, com muita sabedoria, unificou-se, respeitando-se a diversidade de pronúncia refletida em formas históricas de grafar.

Finalmente, muitos dizem que há coisas mais importantes a fazer do que tornar uniformes as ortografias. Poderia até ser verdade se pensarmos apenas do ponto de vista das carências educacionais nos países lusófonos. No entanto, para efeitos de difusão internacional e de implantação de uma política lingüística comum, a unificação é importante. Para os brasileiros, no entanto, está em jogo outra coisa. Em Portugal, muitos falam em recusar o acordo, em nome da manutenção da pureza da língua original, porque ele representa a “brasilianização da ortografia”, “a colonização dos ex-colonizados”. Os argumentos desses portugueses não têm fundamento na realidade. São fantasias.

Impasse

No entanto, apesar do que dizem as autoridades portuguesas, eles tiveram forte acolhida, pois Portugal, país depositário do acordo, nem sequer fez o comunicado aos países signatários, conforme determina o artigo 77 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, de 23/05/1969, de que ele está em vigor, por ter sido alcançado o número mínimo de ratificações. Esse comunicado é uma obrigação do país depositário, mas nem isso Portugal fez para não dizer oficialmente que ele está em vigência. A partir daí, o acordo passa a ser muito importante para o Brasil, pois o que está em questão é o fato de que Portugal pretende manter-se na posição de padrão de língua para os países lusófonos de África e de Ásia, de que Portugal nega ao Brasil um papel pleno no intercâmbio cultural e científico entre os países lusófonos e na difusão do português no mundo, na medida em que não reconhece, por exemplo, a certificação de proficiência brasileira ou a legitimidade de seus materiais didáticos e instrumentos lingüísticos. Portugal pretende ter um monopólio da política lingüística de propagação do português; Portugal deseja manter o mito de que é o guardião da pureza do idioma. Por essas razões, do ponto de vista simbólico, o acordo de unificação é relevante para o Brasil.
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Leia o artigo original:

27 Respostas

  1. Esse testo me lembrou este:

    MARGARIDO, Alfredo. 2000. A Lusofonia e os Lusófonos: Novos Mitos Portugueses. Lisboa: Edições Universitárias Lusófonas. 89 pp.
    Igor José de Renó Machado
    Doutorando, Unicamp

    O livro A Lusofonia e os Lusófonos é um libelo contra uma forma hegemônica do pensamento social português, representada por intelectuais, colunistas de importantes jornais e intelectuais orgânicos do partido do governo (o PS) e do leque político que se estende até a extrema-direita. Sob uma ironia refinada e uma crueza ácida, Margarido põe à mostra as entranhas nada gloriosas dessa forma de pensamento que domina a Comunidade dos Povos de Língua Portuguesa (CPLP) e a diplomacia portuguesa e que, embora ignorada no Brasil (como, ademais, o próprio Portugal), é insidiosa e efetiva na relação de Portugal com os países africanos que se livraram do jugo português após sangrentas guerras coloniais. É insidiosa também na organização interna da imigração para Portugal que, de acordo com as regras da União Européia, fecha as portas aos imigrantes das ex-colônias. Nesse sentido, a lusofonia afeta diretamente a vida dos cerca de 50 mil brasileiros imigrantes em Portugal, se contarmos apenas os números oficiais.

    Margarido considera que a partir de 1960 se deu o rompimento de Portugal com o Atlântico, momento marcado pelas guerras coloniais, imigração e pelo nacionalismo racista. A lusofonia surge como ferramenta ideológica para recuperar esse espaço atlântico, apagando a história colonial e as relações polêmicas com os povos de língua portuguesa, mediante a tentativa de controle da língua “mãe”. A importância da língua aumenta apenas quando desaparece o controle direto das populações e, após 1974, quando se lhe confere o papel que foi dos territórios colonizados: o de recuperar a grandeza portuguesa. Ao mesmo tempo, controlam-se cada vez mais as populações “residuais” dos tempos coloniais – os imigrantes – em Portugal e no restante da Europa. Exibe-se a contradição entre a pretensão de um “espaço lusófono” e o exagero da submissão portuguesa às leis de Schengen, que cria uma Europa racista, eugênica e desumanizada. E essa violência racista é dirigida, em cada país, a grupos específicos (em Portugal, são os cabo-verdianos o alvo preferencial do racismo, diz o autor, mas podemos acrescentar: os moçambicanos, guineenses e brasileiros).

    O discurso da lusofonia encampa um projeto missionário de “civilização” após as guerras coloniais (nesse sentido, pós-colonial), agora focado na língua. O primeiro sintoma dessa virada acontece com a mudança de vocabulário após as independências africanas, similar à francofonia, criando um suposto “espaço lusófono” e uma história comum cor-de-rosa. A contradição aparente é que o atual europeísmo da União Européia condena os particularismos nacionais (principalmente o dos países mais pobres da União), o que impede a formação de espaços lusófonos, francófonos ou hispanófonos reais, como fica claro pelas políticas de controle de imigração cada vez mais duras e desumanas na Europa. Só há e só pode haver espaço lusófono em um discurso mítico.

    Margarido critica a visão lusófona do passado, como se o “Outro” só existisse após o encontro com algum navegador português, esquecendo-se a outra face do encontro: a invasão. Além disso, faz digressões sobre o trauma ocorrido com a independência do Brasil em 1822, que levou o discurso colonial português a reafirmar os “direitos” às demais colônias e populações. Esse trauma surge e ressurge de várias maneiras: ou escamoteando a independência brasileira como sendo um fator português, dado que foi proclamada por D. Pedro I, ou vendo no Brasil um Estado-filho ou Estado-irmão mais novo, implicando sempre laços que devem manter tais países unidos (se o Brasil continuar sempre infantilizado).

    […]

    Outra contradição da lusofonia é a atual preocupação com a língua, que nunca foi objeto de cuidados quando da época colonial. No Brasil e nos países africanos (até 1961) não se criaram universidades e a política de não-educação era uma forma de manter o estatuto de inferioridade do colonizado. Os africanos sem escrita eram considerados “fora da história” e só “entram na história através das formas de dominação” (:51). A língua passa a ser, depois de ignorada sistematicamente pelo colonialismo tardio português, o elemento de continuidade da dominação colonial, e “a exacerbação da ‘lusofonia’ assenta nesse estrume teórico” (:57). Recorrendo a Saussure, o autor demonstra como uma comunidade lingüística é baseada na religião, convivência, defesa comum etc., o que é definido como etnismo. A relação desse etnismo com a língua é uma relação de reciprocidade, ou seja, é a relação social que tende a criar a língua, portanto, a língua não pode ser a pátria de ninguém. Essa fórmula pessoana apaga o peso dos “costumes” nas considerações sobre a língua, fazendo com que os povos com outros costumes possam ser lusófonos apenas por falarem português (minha pátria é minha língua… mas quem é que manda nessa pátria?). A idéia de uma pátria lingüística é uma hierarquia que apenas repõe aquela do Império.

    É interessante ver o papel da língua brasileira em Portugal, através do avanço da mídia brasileira na Lusitânia. Na verdade, essa presença influenciadora é profundamente incômoda para a intelectualidade portuguesa, que acaba por reduzi-la a um sinal da “criatividade” natural do brasileiro. Esse falar brasileiro “criativizado” pelos portugueses repõe o mesmo preconceito lusófono: a criatividade e a criação artística são o outro lado da selvageria e, portanto, a natural criatividade do brasileiro é mais um sintoma de sua inferioridade intelectual, pois ao criativo é negada a razão, como forma de tentar conter dentro das estruturas de um lusofonismo detestável a presença da fala brasileira.

    Aqui se pode questionar Margarido, mesmo reconhecendo a irônica provocação que é elevar a língua brasileira ao status de “língua oficial” da suposta lusofonia. Para tentar desmontar e provocar a intelectualidade portuguesa, profundamente incomodada com a presença do falar brasileiro, Margarido argumenta que é a língua brasileira a mais bonita, maleável e “erótica” e, portanto, a única candidata a uma suposta língua lusófona. É questionável recorrer, para criticar a lusofonia, à imagem estereotipada que ela própria reproduz, ao acentuar o caráter “erótico” do português falado no Brasil. Uma das características da lusofonia é a separação entre civilização e selvageria, na qual Portugal representa o processo civilizatório e a língua equivale a “civilizar”. Se assim é, o apelo à “natureza erótica” da fala do brasileiro é mais um recurso, mesmo quando usado ironicamente, à lusofonia, pois o brasileiro erotizado é rebaixado ao pólo “selvagem” dessa divisão básica do discurso lusófono. De fato, não é a fala do brasileiro que é erótica (afinal, o que é isso?), mas é porque ele é visto de modo erotizado que a fala é considerada erótica. Isto por si só dá a entender ao leitor brasileiro a força desse discurso lusófono em Portugal, pois nem mesmo seu crítico mais ácido consegue se desvencilhar dele completamente.

    Ora, a lusofonia não passa de um “doce paraíso da dominação lingüística que constitui agora uma arma onde se podem medir as pulsões neo-colonialistas que caracterizam aqueles que não conseguiram ainda renunciar à certeza de que os africanos [e brasileiros, acrescentaria] só podem ser inferiores” (:71). A lusofonia serve como ferramenta de manutenção das distâncias racistas em que se baseou o discurso colonial após seu fim sangrento, apagando o passado e recuperando a antiga hegemonia. O que Margarido não diz explicitamente, mas que se pode derivar de seus argumentos, é como serve a lusofonia de estrutura da ordem hierárquica que escalona os imigrantes, “resíduos” do Império que procuram em Portugal fugir ao desastre que em casa foi a herança portuguesa. É uma suprema (e dolorida) ironia que os imigrantes sirvam como o campo preferencial de reordenação simbólica da ordem imperial.

    Embora ao leitor brasileiro o tema da lusofonia debatido por Margarido praticamente não faça o menor sentido (o que é ótimo e dói nos ouvidos portugueses), para os países africanos recém-saídos do – e destruídos pelo – período colonial, a temática lusófona é, no mínimo, repugnante. Mas é preciso alertar ao potencial público objeto da ideologia “lusófona”, os falantes de português, a não jogar o jogo da lusofonia, seja por subordinação causada pela miséria (no caso de Moçambique, Angola, São Tomé, Cabo Verde e Guiné), seja por desprezo (no caso do Brasil). Entre outras causas, é justamente por esse grande desprezo da opinião pública brasileira, que o mecanismo da CPLP pode curvar-se ao lusofonismo tacanho do governo português. Para imigrantes brasileiros e africanos das ex-colônias, entretanto, o discurso da lusofonia é uma armadilha terrível, pois o espaço lusófono, como mito que é, nunca se realizará na prática. A busca por direitos “especiais” baseados na lusofonia por parte de associações imigrantes oriundas do desastre colonial português, além de infecunda, apenas reforça essa “ideologia-estrume” (no dizer de Margarido).

  2. Paulo, muito interessante este texto que vc postou, esclarece muita coisa que os dois escritores do post disseram.

    “Esse falar brasileiro “criativizado” pelos portugueses repõe o mesmo preconceito lusófono: a criatividade e a criação artística são o outro lado da selvageria e, portanto, a natural criatividade do brasileiro é mais um sintoma de sua inferioridade intelectual, pois ao criativo é negada a razão, como forma de tentar conter dentro das estruturas de um lusofonismo detestável a presença da fala brasileira.

    (…)Para tentar desmontar e provocar a intelectualidade portuguesa, profundamente incomodada com a presença do falar brasileiro, Margarido argumenta que é a língua brasileira a mais bonita, maleável e “erótica” e, portanto, a única candidata a uma suposta língua lusófona. (…) Uma das características da lusofonia é a separação entre civilização e selvageria, na qual Portugal representa o processo civilizatório e a língua equivale a “civilizar”. Se assim é, o apelo à “natureza erótica” da fala do brasileiro é mais um recurso, mesmo quando usado ironicamente, à lusofonia, pois o brasileiro erotizado é rebaixado ao pólo “selvagem” dessa divisão básica do discurso lusófono. De fato, não é a fala do brasileiro que é erótica (afinal, o que é isso?), mas é porque ele é visto de modo erotizado que a fala é considerada erótica. Isto por si só dá a entender ao leitor brasileiro a força desse discurso lusófono em Portugal, pois nem mesmo seu crítico mais ácido consegue se desvencilhar dele completamente.

  3. Não tinha noção das diferenças entre unificação, reforma e acordo ORTOGRÁFICO, sempre as citava como sinônimas.

    E eu tbm já havia notado, no post de denúncias, esta mania dos portugueses em taxar o idioma brasileiro de inferior, deturpado e inculto em oposição ao português, que seria a língua civilizada, original e correta. Uma tentativa de manter o português como a língua padrão, enquanto nega ao Brasileiro o reconhecimento de língua legítima e a de ser a única que realmente conta no mundo. Isso eu tinha ‘percebido’, mas não sabia que esta mania de denegrir a língua do Brasil tinha um propósito deliberada em impedir a propagação de nosso idioma.

  4. Propagação como idioma oficial da lusofonia, para deixar claro.

  5. Essa notícia ilustra bem esse não reconhecimento pelos portugueses da legitimidade do Brasileiro.

    Brasil anuncia apoio a ensino da língua portuguesa na Venezuela

    Oposição critica Governo por não promover ensino do português no estrangeiro
    31.03.2008 – 20h13 Lusa

    A oposição parlamentar criticou a incapacidade do Governo em promover o ensino da língua do país no exterior, designadamente na Venezuela, depois de hoje o Brasil ter anunciado que apoia o Executivo de Caracas a desenvolver o português como principal idioma estrangeiro.

    A crítica unânime da oposição deve-se à anunciada incapacidade do Governo português em enviar professores de língua portuguesa para a Venezuela, país que inicia em Outubro um programa-piloto que lança as bases para tornar o português como primeiro idioma estrangeiro.

    Para José Cesário, deputado do PSD eleito no círculo eleitoral fora da Europa, a posição do Governo português “é ridícula”. “Estamos a falar da perda de uma oportunidade, onde além do ensino do português também está em causa a transmissão da própria cultura”, disse. “Se um país como a Venezuela nos dá uma oportunidade destas não a podemos perder. Esta questão é mais um exemplo de que o ensino da língua e cultura portuguesas no exterior não é uma prioridade”, acusou o deputado social-democrata.

    No mesmo sentido alinharam os deputados Hélder Amaral (CDS-PP) e Helena Pinto (Bloco de Esquerda) e ainda João Armando, responsável pelas organizações do PCP na emigração.

    O deputado centrista manifestou-se “envergonhado” com a falta de recursos enunciada pelo governo. “Como português sinto-me envergonhado. Se o Governo diz que a promoção da língua portuguesa é uma prioridade e depois acontece isto, sinto-me envergonhado”, destacou.

    Hélder Amaral acrescentou que o seu partido está a preparar uma iniciativa legislativa sobre a defesa e promoção da língua portuguesa.

    Língua é forma de transmitir cultura
    Helena Pinto considerou, por seu lado, que o governo português “não tem uma política” para a promoção da língua portuguesa. “O ensino do português não serve apenas para dar resposta às comunidades (portuguesas), que pretendem que os filhos aprendam a língua dos seus pais. O ensino do português é também a promoção de Portugal e da cultura portuguesa”, vincou.

    Os comunistas, por intermédio de João Armando, consideram que o apoio de Brasília ao ensino de português na Venezuela “só vem confirmar a preocupação e a denúncia que temos vindo a fazer quanto à política de ensino para as comunidades portugueses”. “O Governo fala muito da importância e projecção da língua portuguesa, mas na prática vira as costas a este importante espaço da nossa diáspora. Até pelo Orçamento de Estado que foi apresentado para 2008 que se percebe uma redução das verbas do Ensino do Português no Estrangeiro (EPE)”, destacou.

    João Armando manifestou-se convicto que aquela situação vai continuar. “Tudo indica que a situação não vai melhorar e que esta é uma política de ‘lesa-pátria’, que despreza as novas gerações, com as consequências que isso traz para o país e para as comunidades portuguesas”, concluiu.

    Falta de professores pode impedir iniciativa
    O Governo venezuelano decidiu incluir a língua portuguesa como disciplina opcional no currículo oficial do próximo ano lectivo, mas a falta de professores chegou a ser considerada um obstáculo para a iniciativa. Nesse sentido, hoje em Brasília foi anunciado que o Brasil vai cooperar com a Venezuela para garantir a adopção da língua portuguesa como primeiro idioma estrangeiro, no âmbito de um acordo realizado na semana passada, em Recife entre os presidentes Lula da Silva e Hugo Chávez.

    Também na semana passada, o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Portugal, João Gomes Cravinho, justificou com a falta de dinheiro a incapacidade portuguesa para corresponder à iniciativa venezuelana. “Portugal vive uma conjuntura de enormes oportunidades no que toca ao ensino da língua portuguesa e à promoção da língua portuguesa no estrangeiro conjugada com exiguidade de recursos”, explicou então Cravinho.

    O Brasil mantém, actualmente, cinco leitorados na Escola de Idiomas Modernos, da Universidade Central da Venezuela, enquanto Portugal tem apenas um leitorado.

    COMENTÁRIOS:

    Bruno Marques, Gaia

    Esse Português “abrasileirado” já começa a meter nojo tal como este governo desgovernado por desgovernantes! Como a própria noticia diz, provovem tanto a lingua portuguesa, que se criam tratados sem nexo para depois ser o Brasil a tomar iniciativa do Português no Estrangeiro (dando os louros ao Brasil e não a Portugal) ficando assim os outros países a falar mais “brasileiro” e a conhecer mais o Brasil do que Portugal.. Enfim… é este o país que temos e os desgovernantes que temos! Se é para promover a lingua então que o façam em vez de falarem e estarem quietinhos!! Cada vez me sinto mais envergonhado deste país (apesar das coisas boas que temos) e da nojice dos desgovernates que a população, que vai ainda e infelizmente em ladainhas, escolheu!!! Infelizmente é só PS, PSD, PS, PSD… e depois ainda dizem que a escolha é pouca.. que escolham outros partidos sem ser estes 2!!! O MMS tem bons objectivos, tem boas ideias mas o povo ainda ve-os com desconfiança em vez de darem oportunidades quando os que escolhem (PS e/ou PSD) só desgovernam cada vez mais este pequeno GRANDE país!!! (MMS – Movimento Mérito e Solidariedade – http://www.mudarportugal.org/ )

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    Helder Verissimo, Porto

    Há uma razão, falta a ratificação do acordo ortográfico. Logo lá para 2015 o português “abrasileirado” terá a sua pujança máxima!

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    http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1324304&canal=58

  6. MAIS COMENTÀRIOS DE PORTUGUESES SOBRE ESTA NOTÍCIA:


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    por: A,Oscar
    17
    Todos podem ter opiniões; mas regras foram impostas para que todos compreendam como se lê e se escreve português. Não é para isso que amos para a escola e ao mesmo tempo mesmo em Portugal cada provincia pode ter as suas palavras fora de série que nem estão no dicionário.
    Se alguem é professor de Português tambem diz palavras que não estão no dicionario só que alguem tem que as compreender, decontrario não eram ditas.
    No Brasil a lingua portuguesa foi transformada ou conrumpida não por dialetos e sim transformada á maneira de quem mais gosta como a televisão e os jornais dão muita influencia linguistica como agora no Brasil e começu não á muito tempo, palavras ditas no singular quando deeriam ser ditas no plural.Por exemplo não se diz que alguem pode fazer algo todos os dias e sim todo o dia ( Está certo )Claro que não só que o Ser humano quando pode gosta da supremacia e como o Brasil é muitas vezes maior que Portugal, possivelmente se pensa serm melhores.
    A Lingua portuguesa teve seus princípios até a primeira Univesidade aberta em Lisboa foi em 1290 claro nem se sabia o que era um Brasil. O principal julgo eu é todos os portugueses mesmo no estrangeiro serem patriotas e se expressarem como devem de ser assim se pode dar continuação à lingua e corregir-la sempre que se possa.
    Se o Brasil tem termos diferentes dos de Portugal, a lingua mãe é a verdadeira e quem se possa rir de como nós falamos no caso de rapariga e não moça ou vice-versa a verdadeira mais uma vês é da lingua mãe de Portugal.
    Claro que existe problemas linguisticos mas somos obrigados a aceitarem quando se fala mal ?

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    Pelo na venta
    4
    leio sempre tudo MUITO BEM antes de comentar; de facto, não apenas li como não fiquei surpreendido; não sou contra o facto de os Venezuelenos aprenderem português, ANTES PELO CONTRÁRIO… só que não vão aprender português, sabe? Vão aprender portugueiro das favelas! Foi nisto que deu o acordo… pelo menos na minha opinião… e acho que o Camões até concordaria comigo! Vendemos o resto que tínhamos, a nossa lígua; se já viu outros comentários meus, sabe ao que me refiro e porquê. Ao lixo Os Lusíadas que de Luso já nada têm, tal como nós de portugueses já nada temos, agora somo brazugueiros! É o festim da contracultura portuguesa. É a minha opinião sobre aquilo que considero “vendilhões da pátria”.
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    por: Pelo na venta
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    que a venda da nossa identidade cultural ia resultar nesta investida! Agora já nem portugueiro das favaelas ou brasilês das favelas, vão-se transmitir conhecimentos especiais: Hombre, ahora nos otros bamos a hablar españoleiro! Olé! Olarilolé!

    Se o Camões fosse vivo, além de ficar cego da outra vista, dava-lhe uma trombose juntamente com um ataque cardíaco… e diria: “Não acham que já é demais? É a segunda vez que morro com a pátria!…obrigado, vendilhões da pátria!”

    http://diario.iol.pt/noticia.html?id=933993&div_id=4071

    ALGO MAIS ELUCIDATIVO QUE ISTO?

  7. Acho muito interessante este texto:

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    UM NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO
    João Malaca Casteleiro
    Professor catedrático da Faculdade de Letras de Lisboa
    Lingüista

    A questão ortográfica da língua portuguesa arrasta-se há quase meio século. De facto, em 1911, com o advento da República, Portugal promoveu uma grande reforma ortográfica da língua. Infelizmente, fê-lo à revelia do Brasil, que era então o outro grande país de língua portuguesa. Ora, implantar uma reforma ortográfica constitui um acto de soberania, o qual não pode ser imposto a outro país. Mas era o que Portugal pretendia, ou seja, que o Brasil adoptasse a ortografia portuguesa de 1911, o que não aconteceu. O pecado original dessa “guerra” ortográfica reside no facto de aquela reforma não ter sido previamente acordada com o Brasil, como o exigia a defesa e promoção da língua portuguesa no mundo. Houve depois várias tentativas de unificação da ortografia do português ao longo do século XX, desenvolvidas sobretudo pela Academia das Ciências de Lisboa em conjunto com a Academia Brasileira de Letras. Em 1945 as duas academias chegaram a acordo, numa reunião em Lisboa. Desse encontro surgiu a chamada Convenção Ortográfica Luso-Brasileira de 1945. Mas aqui, mais uma vez a parte portuguesa cometeu um pecado capital. É que conseguiu convencer a parte brasileira a adoptar os pontos de vista portugueses, nos quais predominava a perspectiva etimológica. Assim, os brasileiros, que há muito tinham suprimido, para maior facilidade de alfabetização, as chamadas consoantes mudas ou não articuladas em palavras como “acto”, “directo”, “óptimo”, tinham de voltar a introduzi-las na escrita. Ora isso constituía uma violência, que o Brasil não aceitou. Imagine-se como reagiriam os portugueses se agora os obrigassem a reescrever “fructo” ou “victória”, com consoantes que há muito foram suprimidas! A lição que colhemos, quer de 1911, quer de 1945, é que Portugal, embora seja o berço da língua portuguesa, não é no mundo de hoje o seu único proprietário. A verdade é que, tendo falhado as duas unificações plenas tentadas em 1945 e 1986, mandava o bom senso que se procurasse uma unificação possível, menos absoluta, mas mesmo assim suficiente, para abranger cerca de 98% do léxico da língua, e necessária, para evitar que a deriva ortográfica, com oito países lusófonos, se venha a acentuar. Outra crítica que advém de certos intelectuais portugueses mais conservadores põe em causa a necessidade sequer de qualquer acordo ortográfico. Sustentam que a língua há-de evoluir nos diferentes países lusófonos e dar origem a outras línguas. Esquecem-se, no entanto, que hoje vivemos num mundo diferente do que existia no tempo, por exemplo, da difusão do latim pela România. Nesse tempo a escolarização era apenas para elites reduzidas, não havia meios de comunicação de massas, como a rádio, a televisão, os jornais. Ora, estes meios exercem hoje sobre a língua uma força centrípeta que leva à preservação da unidade essencial do idioma. Por outro lado, as instituições culturais e políticas dos países lusófonos têm todo o interesse em preservar a língua comum como elo de ligação entre todos e factor indiscutível da sua afirmação no mundo. Uma ortografia unificada torna-se absolutamente necessária às organizações internacionais onde o português é língua de trabalho, aos estabelecimentos de ensino estrangeiros onde se cultiva o nosso idioma, à difusão e promoção do livro em português nos domínios inter-lusófonos e internacional.

    in Diário de Notícias, 15 de Março de 2008

  8. Quanto à ortografia (tirando o trema, que acho essencial e discordando da manutenção da crase, que é uma coisa absolutamente dispensável e inútil) eu não vejo muitos problemas ou preocupações.

    Tbm não vejo muito sentido nesta tentativa de uniformização da escrita que , aliás, não acontecerá, assim como não vejo sentido nos chiliques dos portugueses e em suas tentativas de culpar a variante brasileira por este acordo. Eles deviam estar mais preocupados com a própria ortografia e nos deixar em paz, o Brasil e nossa variante é suficientemente independente e tem personalidade bastante pra assumir sozinha nossas responsabilidades e posição de destaque no mundo, não precisamos de um bode expiatório ou penduricalhos sangue-sugas.

  9. O artigo que achei…


    PORTUGUÊS-BRASILEIRO

    Pedro Lomba

    Hoje em dia as livrarias por essa Europa fora já não têm só dicionários bilingues de português. Em vez do francês-português ou do italiano-português, a tendência recente é para o francês-brasileiro ou para o italiano-brasileiro. Eu, que gosto muito da literatura e do jornalismo brasileiro, que aprecio a forma como os brasileiros transformaram o português velho e chato que falamos, fico um pouco chocado. Tenho uma amiga italiana que me diz que não está nem quer aprender português; está a aprender brasileiro. E o seu dicionário de bolso confirma-o. Há com certeza muitas razões para que isto se passe, para que muitos europeus prefiram mentalmente o brasileiro ao português, ao ponto de pensarem que têm de escolher entre um e outro. O Brasil criou uma cultura popular própria, espontânea e festiva, que tem exportado para o resto do mundo com apreciável sucesso. Nós, portugueses, somos mais apagados, não fazemos tanto estrondo e ninguém nos vê como um produto apetecível. Um mundo obcecado com o ludismo e com a euforia preferirá sempre o samba ao fado. Agora, só há uma língua, o português, e parece-me óbvio que alguma coisa anda a falhar.

    http://groups.google.com/group/observatorio-lp/web/portugus-brasileiro?version=5

    A Pérola em itálico:

    (O cara deve achar que somente Portugal tem algum direito à língua e chega ao cúmulo de dizer:“que se prevê percorrer no futuro irá colocar nas mãos do Brasil toda a responsabilidade da divulgação da lingua portuguesa no mundo e que fará que este aproveite esta situação para que a sua variante se torne oficial em todas as organizações internacionais e em todo o resto.” hahahahahha A gente já assumiu essa posição faz séculos, aquele povo deve ter parado no tempo… Nós divulgamos a Língua Brasileira como a variante OFICIAL, ou eles pensam que iríamos divulgar o Português de Portugal? Imagina a bossa-nova cantada com aquele sotaque tosco português, aliás, se a língua ‘portuguesa’ é considerada uma das línguas mais belas do mundo é graças exclusivamente aos brasileiros. Eles deveriam nos agradecer por não termos aquele sotaque horrendo.)


    João Medeiros

    Será que não há ninguém em Portugal capaz de fazer ver a quem de direito que o caminho que está a ser percorrido, que se prevê percorrer no futuro irá colocar nas mãos do Brasil toda a responsabilidade da divulgação da lingua portuguesa no mundo, e que fará que este aproveite esta situação para que a sua variante se torne oficial em todas as organizações internacionais e em todo o resto.

    http://groups.google.com/group/observatorio-lp/browse_thread/thread/bc59f003835e7385/403a4a72425f14db?lnk=gst&q=portugues#403a4a72425f14db

  10. O melhor do dia: (O português diz que os portugueses deveriam falar como os brasileiros. Até os próprios portugueses perceberam que com aquela dicção e aquele sotaque eles não vão a lugar nenhum)

    Está na moda aprender ‘português’ [BRASILEIRO, lógicamente]

    Há aspectos do português do Brasil em que leva vantagem sobre nós. Um deles é a articulação: um filme português passado no Brasil precisa de ser legendado e um brasileiro em Portugal não. Tão simples como isto. Porque os portugueses tendem a obscurecer a língua do ponto de vista articulatório, fonológico, de pronúncia. Engolem as palavras. O português do Brasil valoriza mais as vogais, os fonemas vocálicos, o que é uma vantagem para o bom entendimento. Temos de fazer um esforço de recuperar coisas que se perderam e isso só pode ser feito na escola, lendo expressivamente, obrigando a pronunciar bem as palavras todas. Mas a importância do Brasil neste cenário é evidente desde algum tempo.

    http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/359202

    ai,ai….
    hahahahhahahahhah

  11. O artigo acima é de
    Carlos Reis, reitor da Universidade Aberta.

    E deveriam não só obrigar os portugueses a pronunciar bem as palavra mas tbm usar o gerúndio, que dá melodia à língua. Ah! e perder aqueles clíticos que tira a naturalidade da língua: ‘Deixe-me’, ora essa, é ‘Me deixa’ e olhe lá.

    Tbm poderiam sumir com aqueles ‘cas’-Estou cá a falar- pelos ‘aqui’ -Estou aqui falando-

    hahahahahhahahahhaha

    Muito divertido….
    Se um português ler isso, coitado, morre… hahahhahhahahhaha

    Acho que vou fazer um curso: Como falar bonito!

  12. HAHAHA Maria Luiza, entendi a piada, vc se empolgou muito.

    Mas falando sério, esse professor está louco, insinuar ou sugerir que obrigando os portugueses a falar como os brasileiros, que na verdade têm uma língua com uma estrutura completamente diferente do idioma de Portugal, pra ficar mais ‘atraente’ aos estrangeiros, é um tanto inusitado e fora da realidade. Tá certo que a língua brasileira é hoje centro de gravidade da lusofonia, é a variante que mais desperta interesse, e cumprimos muito bem este papel através da música, da capoeira, da economia etc. Acabar com as características e desmontar a estrutura do idioma português, que é o que o deixa diferente e peculiar, é matar a língua. A variante portuguesa é o que é, pode ser dura e obscura, mas é o que é e tem que ser respeitada. Tentar torná-la malemolente, doce e suave é ridículo, português não é brasileiro, e, mesmo que os portugueses consigam esta proeza, eles nunca vão tirar o posto do Brasil de centro gravitacional da lusofonia, há muito mais complexidades envolvidas nessa atração brasileira.

    Este artigo dos brasilianistas deixa bem claro:

    Intérpretes do Brasil

  13. Oi Paulo,
    foi só uma brincadeira mesmo.Eu quero mais que os portugueses falem d jeito deles, apesar de já ter deixado claro que é uma variante que não me agrada. Eles lá e nós aqui.

    Quanto ao Brasil ser o centro da ‘lusofonia’, eu concordo com vc. O Brasil é o país que mais ou, talvez, o único que influência a maneira de falar dos outros países de língua portuguesa, isso é um fato inegável, tanto que muitos dos ataques ao idioma brasileiro são em conseqüência desse ‘domínio’.

    Por outro lado, nenhuma das outras formas do português consegue influenciar o Brasil.

    Veja esse exemplo: (Blog do Ancelmo)

    20.5.2008

    A nossa ortografia
    Casseta angolano

    Acordos ortográficos à parte, a língua portuguesa vai se unificando por conta própria – e o jeito brasileiro de falar atravessa fronteiras e cruza oceanos. Um exemplo é a manchete do jornal angolano “A Capital”, na semana passada: “Fala sério… Um milhão de casas em quatro anos?”.

    O jornal usou o bordão do saudoso Bussunda – como faz a turma da coluna – para ironizar a promessa do presidente José Eduardo dos Santos, de construir entre 2009 e 2013 um milhão de residências. “Só podem estar a brincar connosco”, completa o texto já em português lusitano.

    http://oglobo.globo.com/rio/ancelmo/post.asp?t=casseta_angolano&cod_Post=103493&a=98

  14. Falar de influências é interessante, cito o caso do Paraguai, já ouvi dizer que lá há muitas palavras brasileiras inseridas no espanhol, talvez isso se explique pela proximidade [geográfica, dos brasiguaios, econômica] dos dois países. Quanto aos lusófonos, eu não acredito nessa proximidade tão grande capaz de influenciar o jeito deles falarem. Acho isso um exagero. Sei que as novelas brasileiras chegam lá, mas os seriados americanos chegam aqui e ninguém muda sua cultura ou seu comportamento (a ñ ser temporário) por causa deles, se fosse assim o mundo seria uma cópia dos EUA e isso não acontece.

    Estava lendo este post das pérolas:

    Novelas brasileiras causam danos na língua portuguesa

    http://idiomabrasileiro.blogspot.com/2008/07/prolas-angolanas-novelas-brasileiras.html

    Os argumentos,pra mim, parecem muito forçados e nada a ver, principalmente porque eu não sinto uma proximidade tão forte. Será que é desconhecimento meu? Estou falando alguma bobagem?

    Não sei se vão conseguir entender o que eu quis dizer, acho que meu comentário ficou bem confuso. 🙂

  15. Eu confesso que também conheço pouco a realidade dos outros lusófonos por isso não vou comentar sobre essas possíveis influências.

    E fico com o Paulo, é cada um na sua.

    Queria dizer que estou aprendendo muito aqui, e dizer também que para reconhecer e legitimar o idioma brasileiro não é preciso ser contra ou atacar as outras variedades da língua, elas são tão boas quanto a nosso. Não somos melhores ou piores, somos diferentes.

  16. Alguém acima disse que, muitos dos ataques ao idioma brasileiro, são por causa da grande pressão que nosso idioma exerce nos outros falares portugueses.

    Leiam o artigo abaixo que peguei em um blog português, acho que ele joga alguma luz neste assunto de influências.

    Notem o tom de respeito ao francês, língua que influencia as famílias abastadas, e pejorativo em relação ao brasileiro, língua que influencia os ‘proletários’.

    [INTRODUÇÃO DO BLOG]
    Portugal. Um país com “r”.

    Nestes primeiros dias do ano, um dos artigos mais fascinantes que li, se não o que mais me fascinou, foi o que transcrevo abaixo do escritor/tradutor Frederico Lourenço.

    No seu comentário sobre a campanha, Frederico Lourenço escolhe… não um tema, não uma palavra, mas uma letra. A letra “r”. O modo como os candidatos pronunciam a letra “r”: Os candidatos de esquerda “à portuguesa”, de forma sonora e clara, e Cavaco Silva, de forma “gutural”, “à francesa” (embora me pareça que ele tenha mesmo problemas de dicção).

    O autor defende que a “snobeira” urbana e as novelas brasileiras nos afastaram da pronúncia correcta das palavras com “r”.
    […]

    [O ARTIGO]

    “O som de Portugal

    Manuel Alegre, Mário Soares, Jerónimo de Sousa e Francisco Louça têm outra coisa em comum, além do facto de serem de esquerda. Algo de muito sonoro e que os distingue de Aníbal Cavaco Silva. Trata-se do som da letra “r” em início de palavra (“revolução”), com grafia dupla no interior de um vocábulo (“terra”) ou em sequências como “honra” e “guelra”. O ponto de articulação do “r” dos candidatos de esquerda é apical: a ponta da língua rola contra o palato duro, um pouco atrás daquilo a que Homero chamou “a barreira dos dentes”. No caso de Cavaco Silva, o “r” é articulado na garganta: é o som gutural de quem anuncia a intenção de escarrar. Entrou na nossa fonética por via do estrangeirismo: primeiro conquistou a classe alta por ser o “r” francês; a pouco e pouco, a classe média foi imitando; por fim, contaminou a classe proletária por ser o “r” das telenovelas brasileiras. Hoje, o “r” de Cavaco Silva é o mais ouvido do nosso país.

    Apesar do apreço que o Prof. Cavaco me merece, é pena. Pois não há a menor dúvida de que o “r” dos candidatos de esquerda é o verdadeiro “r” de Portugal. É o mesmo “r” do castelhano (e do italiano, já agora). Em Espanha, as pessoas que emitem o “r” gutural (por defeito de fala ou afectação) tornam-se ridículas. No som da letra “r”, que os nossos vizinhos hispânicos rolam extravagantemente, ouvidos todo os eu orgulho em serem espanhóis; ao passo que nós, tristes portugueses, fomos caindo na snobeira auto-amarfanhante de pensarmos que o “r” francês e brasileiro é mais urbano do que o atávico “r” ibérico, que soa rústico a ouvidos arrivistas.

    No filme de João César Monteiro sobre Sophia de Mello Breyner Andresen, dá-se um fenómeno curioso. A voz de Sophia tinha compreensivelmente todos os tiques de prosódia e articulação fonética da classe social a que pertencia. No filme, quando ela fala em registo informal, articula o “r” francês, próprio de uma senhora de bem que não quer empregar o mesmo “r” das criadas. No entanto, quando Sophia declama os seus poemas, o “r” gutural de Cavaco Silva é cuidadosamente substituído pelo “r” apical de Manuel Alegre.

    O que terá levado Sophia a mudar de “r” conforme assumida duma das suas duas personagens, a senhora fina e a poetisa? Só pode ter sido a consciência de que, apesar de menos chique, o “r” apical é intrinsecamente mais eufónico e mais português do que o “r” gutural. Realidade que todos os cantores de fado sabem. E muitos actores. Mas até no teatro o “r” português está em vias de extinção. Na famosa encenação de Ricardo Pais da Castro de António Ferreira, a interpretação de Maria de Medeiros dividiu opiniões. As críticas foram injustas, pois a Maria recriou uma Inês de Castro deslumbrante. Mas dei razão a Cremilde Rosado Fernandes, que, com os seus ouvidos infalíveis de cravista, me disse “que pena a Maria de Mederiso ter aqueles horríveis ‘r’s guturais”.

    O efeito normalizador da televisão vai levar, mais cedo ou mais tarde, a que o autêntico “r” português (o “r” de Gil Vicente, Camões e Camilo) desapareça para sempre. Duvido que haja menores de vinte anos que o pronunciem ainda O “r” hediondo do arrivismo vai vencer. Agradeço, portanto, a portugueses tão diferentes como Marcelo Rebelo de Sousa, Jorge Silva Melo, Manuel Maria Carrilho, Luís Miguel Cintra e muito especialmente aos quatro candidatos presidenciais de esquerda o facto de manterem ainda viva a ponúncia castiça do “r”, que é, juntamente com o marulhar das ondas e o dedilhar da guitarra portuguesa, aquele som que dá verdade a Portugal.”

    Frederico Lourenço, Público, 7 Janeiro 2006

    http://devagar.blogspot.com/2006/01/portugal-um-pas-com-r.html

  17. Muito legal o texto, Paty. Não sabia que o ‘r’ português é igual ao ‘r’ espanhol, lendo e aprendendo.

    Eu acho super importante conhecer as ‘línguas portuguesas’ para entendermos melhor o nosso vernáculo brasileiro. Por ex, descobri no yahoo que o português tem mais sons de vogais que nossa língua (ainda não pesquisei pra saber se é verdade), talvez isso explique nossa incapacidade de compreender os lusófonos e também de identificar o português falado como português (já notou que quando ouvimos um português pensamos que se trata de um estrangeiro qualquer? E a surpresa quando descobrimos que é português, aquele idioma que seria nossa língua materna?)

    Penso que quando conhecemos as diferenças, passamos a não olhar o outro com tanta desconfinça e, pra mim, isso é positivo.

  18. E não é que nossa influência incomoda?

    Vejam esta pergunta no yahoo:

    Gente, essa crase está errada não tá? (“Portugal preside “à” CPLP, mas quem domina é o Brasil”)
    http://br.answers.yahoo.com/question/

    Agora vejam o blog que a garota cita lá:
    http://blogdomarona.blogspot.com/2008/07/ressentimento-de-portugal-com-o-brasil.html

    Ressentimento de Portugal com o Brasil
    (Sábado, 26 de Julho de 2008)

    Portugal está incomodado com o protagonismo que o Brasil assumiu na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. A primeira página do “Público” de hoje mostra isto. O título de capa é “Portugal preside à CPLP, mas quem domina é o Brasil”. (Aquela crase esquisita, imagino, vai sumir com a reforma). O Brasil é acusado de aproveitar-se de reuniões de discussão da reforma ortográfica para flertar com os países africanos, tratar de negócios e pedir votos para integrar o conselho de segurança da ONU. Abaixo, trechos da matéria do “Público” .

    O link com a foto da capa do jornal: http://bp3.blogger.com/_09DlNv-PJK0/SItFuiqchHI/AAAAAAAAAbk/WvVjYZr3qWA/s1600-h/publicoportugal.jpg

    Brasil namora África e assume cada vez maior protagonismo

    Nuno Amaral e Sofia Branco

    Lula da Silva gere aposta na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa para reforçar o seu papel no xadrez internacional

    A conta é simples: quatro em cinco pessoas que falam português são brasileiras – ou seja, 190 dos 240 milhões destes falantes. A consciência desse potencial e o vento favorável do bom momento económico que o país atravessa, coincidiu com os esforços bem sucedidos para a afirmação do Brasil na Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e no contexto internacional A afirmação da língua portuguesa no mundo, o reforço da influência da comunidade no xadrez das organizações internacionais e, sobretudo, a aposta e projectos de cooperação e de desenvolvimento marcam também o tom que o Brasil quer imprimir à estrutura agora presidida por Portugal. Não foi por acaso que alguma imprensa estrangeira viu, na assinatura do acordo ortográfico, uma vitória do Brasil. É um dos países que já o ratificou e será o primeiro a cumpri-lo.

    E na cimeira dos Oito que decorreu em Lisboa também se viu o cunho do Brasil na grande novidade deste encontro, as energias renováveis, onde não perdeu tempo em vender as vantagens do etanol. “É prioritário ver como podemos aprofundar os esforços colectivos para ajudar os nossos irmãos da África lusófona e de Timor-Leste no caminho do desenvolvimento sustentável”, sublinhou Lula, antes da cimeira.As referências a países africanos, fundamentalmente lusófonos, são uma constante na política externa brasileira. Nos últimos anos, foram assinados dezenas de acordos de cooperação técnica em áreas como educação, saúde e agricultura.

    O Brasil “está namorando os africanos para votarem nele” quando se candidatar a membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. E há o “interesse económico”. África atrai pelas matérias-primas e petróleo, mas também pelos biocarburantes. “Para que o etanol se transforme num bem de mercado, o Brasil tem de convencer outros países a produzirem-no e, por isso, está praticamente dando a tecnologia para o fazerem”, diz Valadão.

  19. Quanto à crase, bem, ela me parece erradíssima, até dói as vistas.

    Outro erro é quanto ao Brasil ter 191 milhões de habitantes, pelo que eu sei, não chegamos nem aos 185.

    E quer saber? me incomoda muito essa possível ‘dependência’ das outras variantes em relação ao brasileiro porque isso vai acabar nos prendendo a eles, não permitindo que as reformas, importantíssimas para a independência e para a aproximação de nossa gramática à realidade da língua materna brasileira, sejam feitas.

  20. Maria Luiza,voçe pode dormir descansadinha,porque a lingua portuguesa e o idioma português não necessitam de “depender” do idioma brasileiro para nada, aliás voçe deveria saber que quando um país como Portugal leva quase nove séculos”sim voçe leu bém” Portugal existe como estado nação desde mil cento e quarenta e três 1143 dc ,não deve depender culturalmente de ninguém,além de óbviamente devido á antiguidade do meu povo, possuimos uma forte e sólida identidade cultural própia,portanto torna-se dificil entender como um país que por acaso até foi ex-colónia e reino unido de Portugal, e que nem duzentos anos tém aínda de história própia poderá influênciar um país com sólida e secular identidade como Portugal.Se alguém precisou da cultura portuguesa e neste caso da sua língua para formar a sua aínda jovém identidade, foi precisamente o Brasil, visto que a língua portuguesa é a “base” da cultura brasileira, é como se fosse o cimento que ligasse as saladas culturaís que por aí abundam,óbviamente que no Brasil a lingua falada e escrita é o português , mas não no idioma de Portugal,o idioma do Brasil é naturalmente o brasileiro como não poderia deixar de ser.Portanto têmos a mesma lingua,e isso por muito que lhe custe a aceitar é a maís pura verdade,e voçe pode notar isso porque ambos nos entendemos perfeitamente,mas têmos dois idiomas diferenciados,que só vém contribuir para o enriquecimento da nossa lingua e não o contrário como as luminárias defensoras do acordo ortográfico pensam.
    Quanto á beleza ou não do idioma português a sua opinião vale aquilo que vale , ela é somente a sua opinião,também posso dizer aqui só para a contrariar que o idioma brasileiro é incapaz de reproduzir os “l” no final das palavras acabando sempre em “u”,os “T” são sempre “txe” ,usam e abusam dos verbos no gerúndio, o que faz com que o vosso idioma falado pareça digamos que “enjoativo” pareçe que estão sempre a dizer a mesma coisa tudo passa com “ando” etc,como vê quando alguem quer pôr defeitos em alguma coisa sempre os arranja !!!! hahhahhah !!!
    Quanto á senhora Juliana ,quando diz que o idioma de Portugal lhe soa a estranjeiro , nada maís falso,e vou provar isso com um facto da vida real , eu namorei uma brasileira que por sinal infelismente era quase analfabeta ,e entendia tudo aquilo que eu falava, ás vezes até entendia bem demaís hahhahhah!!!!

    Abraços a todos de Portugal.

  21. Luís, seja bem-vindo ao “fórum”. Contar com a presença de um português aqui e muito importante para que nosso conhecimento sobre a língua de vocês não seja baseado apenas em especulações.

    Eu ainda não tenho uma opinião formada e nem conhecimento suficiente para afirmar que seja verdadeira esta possível influência do idioma brasileiro sobre as outras variedades do português, mas, atualmente, é inegável o maior peso da língua do Brasil, por vários fatores que não vêm ao caso. O que eu acredito e também leio em vários lingüistas brasileiros é a necessidade do reconhecimento do vernáculo brasileiro diferente do português. O português com uma fonética, morfologia, sintática etc muito diverso do brasileiro não pode ser colocado como padrão à língua do Brasil. O trecho abaixo exemplifica o que quero dizer:

    “Por que, por exemplo, continuamos ensinando nossas crianças e jovens a escrever e até tentar falar com pronomes enclíticos, construção tão avessa ao natural falar brasileiro e ao falar português anterior ao século XVIII? A mudança que produziu a ênclise pronominal preferencial se processou lá, e nós a copiamos, sem que jamais essa mudança se tivesse processado naturalmente no Brasil. Por que os nossos intelectuais não criticam os desequilíbrios sintáticos patentes em textos escritos no Brasil, por tentativa de fazer ênclises, tão estangeiras a nós?”

    VIVA A FALA BRASILEIRA!

  22. Luís,quando digo que o idioma português nos soa estrangeiro é porque geralmente é verdade. Quando ouvimos os ‘lusófonos’, sem saber de quem se trata, na hora não identificamos que é português, precisamos de um tempo para decodificar e identificar a língua que falam, é sempre uma surpresa descobrir quem são, e, mesmo quando sabemos, não conseguimos acompanhar uma conversa normal de vcs. A minha teoria é que acontece com os brasileiros a mesma coisa que ocorre com os argentinos, nós os entendemos muito bem mas, pra eles, é muito mais complicado nos acompanhar. Dizem que é porque há sons no “português/brasileiro” que não existem no espanhol, acho que com o português e o brasileiro acontece a mesma coisa.

    Pelo menos existem mais vogais no português:
    https://brasiliano.wordpress.com/2008/07/31/a-lingua-portuguesa-no-brasil/

    Seguindo o ex do Paulo, coloco este trecho:

    “A língua portuguesa, hoje, não corresponde à realidade de todos os países lusófonos. Há grandes diferenças entre o português de Portugal e o português do Brasil. Anteontem, eu estive na casa do cônsul de Portugal, em um jantar para um escritor português, José Rodrigues dos Santos. Era um evento para quatro, cinco pessoas apenas. E eu passei o jantar inteiro sem conseguir entender quase nada do que o escritor falava. Felizmente, a Maria Adelaide Amaral estava sentada ao meu lado e traduzia para mim o que ele dizia.”
    José Mindlin

  23. E pra não ficarmos concentrados neste post eu sugiro que continuemos aqui:

    A língua portuguesa no Brasil

  24. quai são as novas leis para o professor do lendo e aprendendo

  25. Maria Luiza, a crase está certa sim. Se é “a CPLP”, “para a CPLP” é o mesmo que “à CPLP”, da mesma forma que “o carro”, “para o carro” e “ao carro”.

  26. Acho um bocado estupido virmo em pleno sec.XXI falar em nacionalismos contra portugal ,eu adoro o brasil ,o portugues que se fala no brasil ,tudo… e temos de saber ser tolerantes e não exagerar .
    Não estou aqui para defender portugal mas não nos podemos queixar com as suas politicas .Eles foram o povo que mais sorte tivemos em relacionar ,olhamos para os espanhois na america e analizamos bem as brutalidades que fizeram aos maias aos incas e muitos outros da maior violencia,cobardia e brutalidade ,que destruiram tudo e todos das suas colonias ,os engleses com a mania que são mais que os outros não pouparam meios para atingir os fins na america do norte ,na india,etc…
    Os portugueses não são nehuns santos mas atendendo á epoca consideram-se bastante moderados.Trouseram o conhecimento ,a organização ,os edificios ,uma lingua ,a religião e trasformaram o brasil num imenso pais graças a um brilhante rei á frente do tempo.Mais tarde um proprio rei portugues defendeu a independencia do brsil lutando contra tudo e todos e depois de o conseguir democratizou o pais como nenhum outro até á data .
    E por fim cria uma comunidade que volta a estar á frente no tempo com uma presidencia rotativa pelos paises da comunidade ,não fasendo como os ingleses em que os reizinhos do pais mandam e representam totalmente a comunidade.
    Para terminar gostaria de dizer que acho uma vergonha andarem a falar que um pais é mais ou menos digno de ser respeitado porque neste momento esta em crescimento economico alto.Isto virou nazismo?Todos temos defeitos e qualidades ,umas vezes estives-mos melhor nuns aspetos outras vezes é ao contrario .TODOS SOMOS DIFRENTES ,RESPEITO.

    VIVA O BRASIL!

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